sábado, 12 de novembro de 2011

Carta imaginária de resposta

Oi meu amor, finalmente consegui falar com você! Eu também sinto saudades de você, muitas. Sinto falta de como você fazia carinho em mim a noite e como você desembaraçava meu cabelo e me xingava por sujar o chão todo com meu cabelo preto. Morro de saudades de você fungando e sentindo meu cheiro igual a um labradorzinho, e derrubando e trombando em tudo, como um labradorzinho, também. Sinto falta de implicar com você e colocar músicas de sertanejo pra você ouvir, só pra te ver com cara de brava. Gostava tanto de te chamar de neném, eu ganhava qualquer coisa que quisesse quando te chamava assim.
Sabe, eu estou bem, prometo. Mas fico preocupada com você e minha mãe chorando o tempo todo. Me faz um favor, diz a ela que eu tô bem e ela não precisa chorar assim, mas quando estiver sozinha pode conversar comigo, eu a ouço cada vez que ela pensa em mim; e isso vale pra você também, pode conversar comigo o tempo todo, que eu ouço sempre o que você fala. E pode parar de me chamar de idiota e filha da puta por ter te abandonado, não foi minha culpa, eu não queria ter ido. Se pudesse, estaria aí com vocês. Fico feliz de vocês estarem conversando e se dando bem, se eu soubesse que ela iria gostar assim de você, teria apresentado vocês antes.
Me disseram que eu morri muito rápido e por isso eu ainda tenho que 'me desenvolver espiritualmente' antes de poder falar com vocês ai. Não vejo a hora de poder mandar você engolir esse choro, apesar de adorar ver você vermelhinha assim e tremendo o lábio pra segurar o choro. Juro que assim que puder, apareço aí pra puxar seu pé e o da sua mãe, bagunçar as coisas na sua casa e essas coisas que você me pede. E pra te dar um beijo de boa noite. Eu te respondo todas as noites quando você diz 'boa noite, meu amor' mesmo sabendo que você não pode me ouvir...
A comida aqui é péssima, parece de hospital, e eu nem me lembro do gosto da cerveja mais. Mas acho que sinto mais falta ainda daquela picanha mal passada que fazíamos na sua casa.
Eu tô me segurando pra não dizer 'você ainda é minha e não pode ficar com ninguém mais, não divido minhas coisas' mas disseram que eu tenho que 'liberar' você, senão você fica presa pra sempre a mim, e não vai ser feliz nunca. Bem que eu gostaria que você ficasse presa a mim pra sempre, mas você precisa ser feliz, então trate de encontrar alguém a minha altura e se apaixonar de novo, eu sei que vai ser difícil achar alguém que cheire tão bem, e cozinhe melhor ainda, mas um dia você consegue.
Diz a minha mãe e ao meu irmão que eu amo muito eles, e que eu sinto falta da cabeção da dona Sônia. Diz pra sua mãe parar de chorar por você, que você tá em boas mãos, ganhou um ótimo anjo da guarda (aquele dia que você atravessava a rua com fone de ouvido, se eu não tivesse feito você tropeçar, estaria com vários ossinhos quebrados) e quanto a você, nem tenho o que dizer. Eu te amo, e no final, vai dar tudo certo, eu juro.

Um comentário:

  1. Nossa, que lindo mesmo! Cheguei a chorar aqui, imaginando mil coisas. Sabe, li poucos textos aqui, não acompanho desde o começo, mas pelo que li até agora vejo que você é uma pessoa muito forte, sabe? Eu, no seu lugar, não imaginaria como ficava, acho que não teria tanta força. Não encontro palavras para dizer nesse momento super difícil da tua vida pq não perdi uma pessoa que amei muito, mas te digo para seguir em frente. Ela nunca sairá da tua vida, sei que um pedaço dela viverá sempre dentro de você e de quem conviveu com ela. E, com certeza, ela deve estar se orgulhando por ter amado uma pessoa tão forte e que ame ela demais como você, Natália!

    http://pamlobo.blogspot.com/

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