sábado, 31 de dezembro de 2011

nota de fim de ano

Não sei o que dizer sobre o meu ano. Foi o pior de todos, e foi também o melhor. Foi o mais cheio de lágrimas, foram muitas, de verdade. Mas foram incontáveis sorrisos, beijos e abraços. Eu consegui ‘esquecer’ alguém que eu achei que era pra sempre, hoje olho pra trás e vejo que não, nem foi tudo isso. Foi só o primeiro amor, e o segundo foi milhões de vezes maior. Ela foi a melhor coisa que aconteceu no meu ano. Surgiu quando eu achei que nada tinha jeito, nada tinha cor, e, de repente, eu a amava mais do que tudo. Ela me ensinou tanta coisa, e sem nem perceber. Ela me ensinou a me fingir de forte, quando o que eu mais queria era desabar e me afogar em lágrimas, ela me ensinou a mostrar fraqueza, e que tudo bem eu chorar no ombro dela, ela limparia cada uma das lágrimas que caísse. Ela me ensinou que mesmo o maior amor do mundo não é cem por cento puro, e junto com ele sempre vem um pouquinho de mentira, dor e traição no meio. Ela me ensinou que família a gente tem que cuidar, porque quando acaba é uma dor imensa. Ensinou-me a ser legal com minha irmã, ela, querendo ou não, é o pilar mais forte que tenho com o mundo. Ela me deu os melhores abraços do mundo, me fez sentir o melhor cheiro e a risada mais linda. Ela me fez descobrir o que é dor de verdade, o que é desespero, o que é saudade. Eu vi o que é a morte, eu vi de pertinho o amor da minha vida num caixão pequenininho, e quis entrar ali com ela, eu me despedi de alguém sabendo que nunca mais veria, e sabendo que ela nem me escutava. E mesmo depois de ter ido embora, ela continuou me ensinando. A engolir meu orgulho, meu ódio, meus ciúmes, minha dor. Nunca foi tão difícil esconder minha dor quanto foi esse ano. Minha família nunca foi tão louca, tão dolorida. Minha casa nunca foi tão insuportável, e meus amigos nunca foram tão necessários. Muito obrigada a cada um dos que conseguiram me arrancar risadas, depois que ela se foi. Não sei o que seria de mim sem aqueles abraços, aquelas cosquinhas, aquelas risadas. Nunca fui tão sismada com datas, e quintas feiras, dias 11 e 26 nunca foram tão significativos e dolorosos. E no final do ano ainda teve mais. Teve mais surpresas, mais me fingir de forte. Eu fingi tanto que acabei ficando forte mesmo, e quando meu avô morreu, eu nem consegui chorar direito. Vi fotos, vídeos, pessoas tão parecidas com ela que eu achava que deveria estar morrendo por dentro. Mas não estava, aquilo renovou minhas forças. Fim de ano é isso mesmo né? A gente meio que reabastece e torce pra ter força o suficiente pra agüentar a porrada do próximo ano. Torce pra ter menos lágrima e mais riso, menos dor e mais abraço, menos ‘adeus ‘e mais ‘como é bom te ver’, mais eu te amo, mais beijo, mais alegria, mais gargalhada. Eu torço pra ter mais força, mais coragem, mais vontade. Eu torço pra eu ser melhor, mais eu e mais viva. Porque sabe, não adianta nada se eu continuar a mesma merda de sempre. O próximo ano não vai ser melhor só porque eu quero mais beijo, mais abraço e mais alegria. Eu tenho que ser melhor, é isso. E eu vou.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

bullshit

Eu tenho pensado tanto em mentiras. Mentiras que eu contei pra você, que você contou pra mim, que contaram sobre nós, que contaram sobre você ou sobre mim. De uns tempos pra cá eu não sei mais o que é verdade, não sei distinguir. Sempre achei que você falava a verdade pra mim, sempre acreditei em tudo, mesmo quando tudo não passava de mentira e desculpa esfarrapada. Hoje eu não sei se tudo aquilo foi só mais uma história pra você, história que por azar, tragédia ou coincidência foi a última.
Você me traiu tantas vezes, jurou milhões de vezes que era a última, negou diversos acontecimentos, e tudo isso foi desmascarado depois. Eu descobri tudo e nem pude te culpar, nem pude sentir raiva, só dor, frustração. Aquele amor que eu achava que era tão puro, não era tão puro assim. Eu te traí também, e jurei que não tinha traído. Me arrependo profundamente. Menti pra você várias vezes, me desculpa. Talvez você ainda estivesse aqui se eu não tivesse ido pra boate aquele dia, talvez você ainda estivesse aqui se eu não tivesse insistido tanto pra você voltar comigo, depois de termos terminado. Talvez nós ainda estivéssemos juntas, sem mentiras. Ou então, poderíamos ter terminado de vez, e ficado amigas, como você tanto quis. Ou terminado e nunca mais nos visto. Talvez aquelas mentiras todas pudessem ter sido evitadas. Eu nunca quis me envolver nas suas 'tretas' com suas amigas e o pessoal da sua cidade, e agora eu me vejo bem no meio disso tudo, e me sinto perdida em memórias, saudades e vontade de chorar. Eu não consigo mais chorar, mesmo sentindo vontade.
Não consigo mais ver você como um anjo, um ser lindo e puro... voltei a ver você como a Bianca que eu conheci, que olhava pra mim com olhos malandros e mentia o tempo todo, a Bianca filha da puta, que bebia horrores e dava o sorriso mais lindo do mundo. Voltei a ver você como era de verdade, voltei a me lembrar de como era seu abraço e é estranho como pareço estar mais quente assim. É mais fácil ver você como alguém de verdade, alguém de carne e osso, apesar de agora ser só espírito. Dói menos acreditar que, apesar de tudo, você não mudou, não virou um ser imaculado, do nada. Você continua tendo o sorriso mais lindo, o melhor beijo, o abraço mais quente, a risada mais gostosa e o olhar mais impactante, continuo sentindo sua falta a cada segundo, mas agora é diferente... Ah, deixa pra lá, nada disso importa, você é uma filha da puta, que até aí de cima me faz fechar os olhos, pensar em você e me deixar sem palavras.

again

Sinto que me perdi no meio de um imenso labirinto. Meu amor, eu voltei a sentir, e eu sinto medo, agora. Eu não sei o que aconteceu, só sei que quando me dei conta, meu coração batia forte e eu tinha borboletas no estômago, quando percebi ela tinha o seu sotaque e fotos ao seu lado, e histórias em comum. Eu não queria isso, amor, juro que não planejei. Eu queria continuar te amando e pensando em você e chorando por você todas as noites da minha vida, mas eu voltei a sentir. Isso não estava nos meus planos, mas de repente eu sorria pras mensagens dela como eu sorri para as suas um dia.
Eu não sei se você aprovaria, na verdade acho que não, e também não sei se eu estou ficando louca ou sei lá, mas eu não consigo me importar, sabe? Todos me avisaram para não me meter com você, e você foi a pessoa mais incrível que conheci, e me ensinou tanta coisa... e eu não vejo por que não tentar de novo, sabe? Nem parece que sou eu falando isso, logo eu que sempre disse que não queria sentir de novo, que queria continuar assim pra sempre, nesse luto, nessa saudade sem fim. E agora estou aqui, pronta pra apanhar de novo, com um sorriso quase verdadeiro no rosto e apostando todas as minhas cartas em alguém que eu nem sei se é de verdade. Mas amor é assim mesmo né? Eu mesma nunca soube se você foi de verdade, anyway.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Desci do ônibus e sua mãe me esperava de braços abertos, ela me abraçou e segurou as lagrimas, disse com a voz embargada que estava tudo bem, é que era pra você estar descendo daquele ônibus, não eu. Segurei as lágrimas também.
Eu imaginava conhecer sua cidade, sua casa e seus amigos de outra forma. Outra ocasião, com outras emoções. Achei que dormiríamos juntas, falando e rindo baixinho pra sua mãe não nos ouvir, daríamos as mãos por debaixo da mesa pra ninguém perceber, trocaríamos sorrisos cúmplices o tempo todo, e eu diria 'eu te amo' o tempo todo. Sairíamos com seus amigos, você ficaria bêbada como sempre e eu mal humorada como sempre. Me contariam coisas engraçadas que aconteceram com você por lá, você ficaria com vergonha e eu iria rir, andaríamos abraçadas e você sentiria ciúmes, mesmo que sem motivo. Eu seria simpática com sua mãe e seu irmão e torceria pra eles gostarem de mim.
Na verdade, nem consigo imaginar como é que seria se você estivesse comigo nessa viagem, eu nem sei explicar o que é que sinto agora. Sei que cheguei lá, sua mãe gostou de mim, seu irmão também, a Amy dormiu comigo quase todos os dias, aquela cachorrinha linda, que tem a sua personalidade, aliás. Saí com seus amigos e eles me contaram coisas engraçadas sobre você, com aquele gostinho de saudade amargando o fundo da boca. Chorei quando entrei no seu quarto e vi colado na parede a frase 'never stop dreaming' e todas aquelas fotos, desejei profundamente ter te conhecido quando criança. Você não mudou nada, continuou linda, sabia?
Dormi na sua cama, e quase pude sentir você ali. Senti mais saudades do que nunca, mas não tive mais vontade de chorar. Não chorei mais nenhuma vez, desde o dia que entrei no seu quarto pela primeira vez. Eu senti que você ficaria bem, e eu ficaria bem também. Senti vontade de ser feliz de novo, de ser feliz por você e por mim. É estranho, mas acho que estou voltando a ter esperança, meu amor.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

não dá tudo certo

Sabe, no fim não fica tudo bem. Cansei de me iludir, você me enganou. Nada dá certo no final. Olha só pra você, morreu com 21 anos, cheia de planos, uma saúde perfeita, vários amigos, podia escolher a dedo com quem você queria ficar, tinha o sorriso mais lindo do mundo, várias promessas a cumprir e vários sonhos pra realizar. E você se foi. Isso foi seu final feliz? Isso não é final feliz pra ninguém, cara. Isso é dor. Isso é infelicidade, é tristeza. Que merda, a vida é uma desgraça, sabia? No fim não fica tudo bem, no fim você pisca os olhos e já era. A vida não é justa. Tem tanta gente honesta morrendo e sofrendo, e tanto filho da puta se dando bem e rindo por aí, que dá vontade de morrer também e me livrar disso tudo. Vontade de sumir. Mas eu to aqui esperando meu final feliz, esperando um novo amor, esperando uma família melhor, esperando um abraço que eu sinta que é de verdade. Esperando as lágrimas secarem. Eu sou forte, mas eu sei que no final não fica tudo bem. Eu já cai a ficha. Quando eu fecho os olhos e penso em você é o único momento em que fica tudo bem, e aí às vezes eu acho que é isso o meu final feliz, sabe? Eu deitada, de olhos fechados e o rosto molhado, você me olhando de cima e chorando também. Acho que é a cena mais feliz que posso ver. Eu sempre acreditei em você, sempre achei que você tinha razão. Agora não dá mais, me desculpa, mas eu não acredito que no final dá tudo certo.

domingo, 11 de dezembro de 2011

tears don't dry on their on

Ontem eu bebi uma cerveja por você, e a cada gole eu tentava lembrar do gosto do seu beijo de bêbada. Ontem eu saí, dancei, ri, gritei, dei gargalhadas altas e olhei para os lados. O que ninguém sabia é que eu procurava por você, ria de nós, gritava seu nome e pensava em você em cada segundo. Ontem eu chorei de saudade, chorei de dor, chorei de frustração, de arrependimento. Chorei por não ter ido com você, chorei por não ter respondido sua mensagem, chorei por ter deixado você sair. Chorei por medo. Medo de não conseguir parar de chorar nunca mais, medo de nunca mais essa dor sair daqui. Eu olhava ao redor e via problemas pequenos, via brigas de casais, via lágrimas de felicidade, via abraços e braços entrelaçados, e só queria segurar sua mão. Chegou um momento em que eu olhava e não via nada mais, só você. Não ouvia nada mais, só a você. Achei que tinha enlouquecido, percebi que não, é que em todo mundo eu procurava você. Dormi me afogando em lágrimas e pensando em você.
Hoje acordei com mais saudades ainda. Ontem foi seu aniversário, hoje fez 5 meses que você se foi. Engraçado como essas coisas são. Engraçado nada, triste pra caralho, mas tudo bem, a gente dá um jeito de botar graça em tudo pra aliviar as coisas. Deu saudade, ouvi as suas músicas, fechei os olhos e pensei em você. Isso já não faz efeito. Quase não lembro da sua voz, do seu beijo e seu perfume eu nunca mais senti. Me arrependi de ter sentido outros cheiros, gostos e toques depois do seu, queria ser pra sempre sua. Por um segundo me arrependi de ter sido sua um dia. Você nem devia gostar tanto assim de mim, pra me largar desse jeito. Chorei de novo, me desculpa, meu amor, você foi a melhor coisa que já me aconteceu... Pensei que tinha voltado a ser fraca e idiota, por chorar o tempo inteiro. Fazia tanto tempo que não chorava assim, vários dias seguidos. Meu nariz já fica entupido frequentemente, de tanto que choro. Vou ficar ranhenta pra sempre. Sorri lembrando de você, chorei mais porque você não enxugava minhas lágrimas. Quis ouvir sua voz e seu sotaque bobo, já não conseguia respirar de tanto chorar. Ouvi minha mãe me chamar, respirei fundo, pela boca, sequei as lagrimas no cobertor e parei de chorar. Eu ainda sou forte, pensei.

sábado, 10 de dezembro de 2011

happy Bday

Hoje, provavelmente eu teria acordado mais cedo, feito um café da manha e comprado um bolo (não teria feito, tinha vergonha de cozinhar pra você, que sempre criticava as coisas que eu fazia) e depois iria, calmamente, te acordar com os beijos mais leves, em todo o seu corpo. Você iria sorrir para mim daquele seu jeito malandro e preguiçoso, de quem sabe que é a pessoa mais amada do mundo. Eu iria dizer baixinho "Parabéns, meu amor" e você iria sorrir mais ainda. Eu iria continuar te dando um bilhão de beijos e você faria cara de manhosa. Ia pedir pra dormir mais um pouquinho e eu ia deitar-me do seu lado, mesmo sabendo que não dormiria mais. Você iria pedir pra eu fazer carinho nas suas costas, afinal, hoje é seu aniversário. Eu faria carinho até você dormir e depois ficaria olhando pra você. Só olhando. Depois, quando você acordasse, iria me olhar com esses olhos lindos e cara de assustada e perguntar o que eu estava olhando. Eu ia dizer que olhava pra você, e de novo você sorriria aquele sorriso malandro. Eu ficaria tímida, buscaria o café da manha. Te daria mais mil beijinhos e comida na boca. Faríamos a maior bagunça. Provavelmente faríamos um churrasco aqui em casa e você ficaria bêbada. Brigaríamos por algum motivo besta umas duas ou três vezes. Eu derrubar cerveja, você não deixar nenhum pedaço sem gordura pra mim, eu temperar demais a carne, não importa, faríamos as pazes. Mais tarde sairíamos com seus amigos, eu iria ser a única sóbria e mal humorada, olhando com cara de brava, mas por dentro com o coração batendo forte por você ser só minha e eu estaria feliz só de poder segurar sua mão. Voltaríamos tarde para casa, você bêbada, tarada e sorridente, eu cansada, sóbria e mal humorada. Você me convenceria a te dar mais uma ceRveja, eu sorriria do seu sotaque bonitinho, depois você diria que é seu aniversário, portanto merecia qualquer coisa. Eu faria qualquer coisa por você, você diria que me ama com aquele sorriso bobo, me chamaria de neném e dormiria feliz, eu respiraria fundo para manter a calma, contaria até 10 para não surtar, abraçaria você e sentiria seu cheiro bom, diria que também te amo e esqueceria tudo que eu odeio em você, só lembraria que eu te amo, eu te amo, eu te amo...
Nada disso aconteceu, eu estou aqui trancada em casa, nessa chuva maldita, pedindo para sonhar com você e dizendo baixinho, parabéns, meu amor... e me sentindo cada vez mais louca e sozinha, mesmo que rodeada de gente.
Parabéns, meu amor, eu te amo...

domingo, 4 de dezembro de 2011

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Ontem peguei um ônibus, fechei os olhos e lembrei de você. Lembrei daquele primeiro dia, quando fui encontrar você na PUC e fomos ver filme no BH Shopping. Fiquei toda tímida, sorria o tempo todo e parecia idiota. Eu realmente tinha gostado de você, sabia? Eu não achei que ia dar em nada, afinal você era tão linda, tão esperta, tão malandra e eu tão... eu. Entende? Não achei que você iria se interessar por mim. Mas de repente você olhava pra mim e sorria em motivo, e eu olhava pra você e sorria sem saber porque estava sorrindo, e de repente a gente se olhava e sorria uma do sorriso da outra, e sem perceber eu já estava de mãos dadas com você e meu coração batia forte. No cinema quase morri de vergonha, pensei 'agora ela não vai me querer mesmo' e não sabia onde ia me esconder, mas ai você sorriu de novo e eu só queria estar ali. Ficar perto de você me fazia um bem tão grande, parecia um imã, e eu não queria te largar mais. Eu te disse eu te amo sem ter certeza daquilo, tive tanto medo de me arrepender, e nunca contei isso pra ninguém, sabia? Que aquele primeiro 'eu te amo' não foi sincero. E eu jurei nunca mais mentir aquilo, e nunca mais menti. Eu te amo, ainda te amo, e é mais do que sincero. Não me arrependo de ter dito isso aquele dia 26 de março.
Agora me dá um aperto no coração lembrar disso, a gente na UFMG, meu medo de dar tudo errado, o medo de você não gostar de mim, de você não ser tudo aquilo que eu imaginava. E acabou que não era, era mais. Você tinha defeitos que se encaixavam perfeitamente com os meus, e tinha qualidades que complementavam as minhas. Era perfeita pra mim.
A primeira vez que dormi com você, notei como você cabia perfeitamente no meu abraço, e notei o quanto você cheirava bem.
Eu podia passar horas lembrando do quanto fui feliz com você, e do quanto você era perfeita pra mim, mas de que isso iria adiantar? Sabe, saudade não vai te trazer de volta.

sábado, 3 de dezembro de 2011

filosofia barata

Tenho uma ideia fixa mas não consigo saber como começar esse texto. Queria falar sobre amor e apego, mas não sei o que dizer. Sempre achei que amor e apego andavam sempre juntos, entrelaçados, até que me disseram que o amor poderia ficar aqui, mas o apego não, eu tinha que 'deixar você ir'. Mas como fazer isso te amando? Me disseram que o amor fica mais puro depois da morte, porque não tem mais egoismo. Será que é verdade? Eu tenho pensado muito nisso, e não chego a nenhuma conclusão. Apego é a mesma coisa que saudade? Quer dizer, eu sinto uma saudade imensa de você a cada segundo, isso quer dizer que o apego não foi embora? Eu não entendo muito dessas coisas de amor, de espiritualidade, de apego e egoísmo, a única coisa que eu tenho certeza absoluta é que esse amor que eu sinto é pra além da vida. Eu fecho os olhos e tento imaginar você aqui, falo com você e tento ouvir sua reposta, abraço suas roupas pensando em você. Eu te amo sem precisar de nada em troca, sem necessidade de receber nada, acho que isso é o que queriam dizer, quando disseram que esse é o amor mais puro: no começo você quer receber de volta tudo aquilo que dá, depois só ter certeza do amor é o suficiente, você deixa de ser egoísta, só ama. Queria que você estivesse aqui, mas sei que não posso desejar isso, pedir isso, pensar isso, isso machuca você, e não te deixa ser feliz aí, então eu penso no quanto te amo, e no quanto quero você bem, quanto preciso que você fique bem, e se eu tiver a certeza de que está tudo bem com você, então tudo bem, eu fico bem também, e eu acho que isso é o apego indo embora. Mas o amor fica. E a saudade? A saudade tornou-se uma lembrança, que as vezes é linda, me faz sorrir e olhar pra frente com vontade de continuar; e às vezes é mais do que dolorosa, e ela se transforma em lágrimas grossas e tristes, me tranco num casulo até ter certeza de que posso continuar, mas o amor fica. E não é que tinham razão? O apego, o egoísmo, a necessidade vão embora, e só sobra o amor, o mais puro do mundo. Acho que amor é isso, é não precisar de fogo pra continuar, ele já é tão forte que cresce sem alimento, sem esforço. E ele cresce lindo, mesmo sem esperança, sem alegrias, sem futuro nem presente, o amor continua.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

thanks for the memories

Sempre amei chegar de surpresa na sua casa. Um dia nós brigamos a noite e no outro dia de manha acordei um pouco mais cedo, vesti o uniforme (que você odiava, aliás) e ao invés de descer a rua e ir pro colégio, subi a rua, parei na padaria, comprei pão de queijo e bolo de chocolate e quando eu saía, o ônibus passou. Pensei em desistir de ir pra sua casa, mas a ideia de te ver era irresistível. Sentei-me e esperei o ônibus. 20 minutos depois entrei num ônibus hiper lotado de gente indo trabalhar. "Hoje não é meu dia mesmo...", pensei, mas lembrei do seu sorriso e sorri também. Desci lá na Raja com aquele bolo na mão, de blusa de frio no sol fervente e andei até sua casa, passei por aquele morro gigantesco pensando nos seus olhos e te mandei uma mensagem. Morri de medo de você não abrir, ouvi o estalo do portão se abrindo, subi as escadas, abri a porta e encontrei você descoberta, com aquele short azul de seda fininha que eu amava e uma blusa branca, toda encolhida e já dormindo. Deixei minhas coisas em cima da mesa e tirei minha blusa de frio e o tênis sem fazer barulho. Distribui os beijos mais delicados pelas suas costas, aproveitando para sentir o cheiro do seu cabelo preto. "Faz carinho nas minhas costas, amor...", você murmurou e eu suspirei, deitei-me ao seu lado, nos cobri e fiquei fazendo carinho por muito tempo, sem pensar em nada. Você dormiu e eu te abracei, fiquei lembrando do começo, quando eu achava que não te amava, porque nunca conseguia dormir junto de você, agora eu percebia que não dormia por te amar demais, e não querer perder nem um segundo, não queria dormir pra não correr o risco de perder você durante o sono. Fechei os olhos e fiquei brincando de seguir sua respiração, calma, tranquila, falei baixinho 'eu te amo tanto, tanto...' e acabei dormindo também.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

alguém

Pensei em pedir ajuda a alguém, pensei em pedir pra qualquer um que me escutasse, me ouvisse dizer todas essas baboseiras e deixasse que eu desabafasse. Queria que alguém se sentasse e dissesse: pronto, pode falar. E aí eu ia dizer como tem sido difícil pra mim aguentar todo esse tempo, eu iria contar como eu gosto de falar com sua mãe e como ela me lembra de você, iria dizer que me assustei com a voz dela ao telefone, porque parece muito com a sua, e eu quase disse 'ah, amor, você voltou!'. Se alguém me escutasse eu diria que as vezes me acho louca porque converso com você o dia inteiro, e eu esperaria ouvir 'tudo bem, pode fazer isso, se você se sente melhor assim' e se alguém prestasse atenção em mim perceberia que eu ainda te amo mais do que qualquer coisa ou pessoa no mundo e toda essa máscara de menina durona não passa de uma máscara e na verdade eu estou completamente frágil, infeliz e desprotegida.
Se alguém me ouvisse eu diria o quão infeliz eu fiquei, depois que você partiu. Eu contaria como é difícil acordar a cada manha, como a cama parece o lugar mais acolhedor, como eu queria me esconder do mundo pra sempre. Se me escutassem eu gritaria que não, eu não quero ouvir ninguém, não quero saber dos seus problemas, eu queria que você escutasse os meus. Queria que alguém me escutasse falar de você incessantemente, queria que alguém fosse até a porta da sua casa comigo só pra ficar olhando pra porta e esperando você abrir pra mim, queria pegar um ônibus pra lugar nenhum e parar na frente da faculdade, só pra você sair e olhar pra mim com cara de surpresa. Queria tanto que alguém me abraçasse e eu pudesse sentir seu cheiro e ver seu olhar apaixonado e sentir sua pele e seu corpo magrinho perto de mim. Queria não sentir saudades. Queria que alguém fosse você.

sábado, 26 de novembro de 2011

datas e tempo

Quinze semanas atras, fui dormir esperando acordar com você se desculpando por ser uma idiota, dormi tendo a certeza de que veria você no outro dia de manha, e sem bem cogitar a ideia de nunca mais te ver. Quando me deitei, não poderia dizer o que é saudade, já não havia saudade dentro de mim, e eu não precisava de ninguém, alem de você. E não poderia viver sem
você, também. Quinze semanas atras eu senti meu mundo cair, descobri o que é dor, e tive certeza do quanto eu te amava. Acordei com um mal pressentimento e menos de uma hora depois, soube que minha vida tinha acabado.
Quinze semanas atras eu chorei um oceano inteiro, e eu tenho enchido esse oceano todos os dias. Eu aprendi a ser forte, aprendi a ser valente, aprendi a esconder minha dor e minha saudade, aprendi segurar minhas lagrimas, mas não aprendi a viver sem você. Faço uma idiotice depois da outra, e a cada noite, a saudade aumenta. Todas as noites converso com você e te digo boa noite, eu te amo. Eu te amo.
Há nove meses eu te amo, mesmo com todas as burrices, traições, mentiras. Há nove meses a cada vez que eu sorrio, penso em você. A cada vez que choro, penso em você. A cada respiração minha, você vem à minha mente.
Será que vai durar para o resto da vida? Quer dizer, o amor e a saudade? Será que jamais vou conseguir sentir algo alem disso? Será que algum dia vou conseguir parar de contar dias, meses, semanas sem você? Será que um dia vou ser normal de novo?

call me

Senti vontade de te ligar, corri os olhos pela agenda telefônica e percebi que seu número não estava lá. Apesar de sabê-lo de cor, apagar o número me ajuda a recuperar a sanidade e me lembrar de que você não pode me atender. Continuei procurando pra quem ligar, queria desabafar, percebi que nenhuma daquelas pessoas entende o motivo de eu continuar te amando, falando de você, procurando você e involuntariamente me machucando cada vez mais. Liguei pra alguém que achei que poderia me ouvir. Ela não se importou. Amigo esquece da gente quando ta se divertindo. Eu deveria fazer o mesmo, mas eu quase não me divirto, então dá na mesma. Queria um abraço e chorar quietinha perto de alguém, eu não tinha ninguém que me acolhesse, senti um vazio tão grande aqui no peito que achei que ele iria me engolir. Pensei em te ligar mais uma vez . Sorri da minha besteira, comecei a falar com você e chorar, ali mesmo, no meio da rua. E dai? Nenhum deles me conhece. Queria pedir um abraço pra qualquer um que passasse, talvez eles fossem mais compreensivos. Talvez eles me falassem que tudo vai ficar bem. 'eu sinto sua falta, sabia? Queia que você estivesse aqui, você me entenderia... Lembra quando você tava com a perna machucada e a gente desceu do ônibus nessa rua pra você não precisar andar, mas aí deu vontade de fazer xixi e você ficou super brava comigo? Eu só queria agradar você. Sinto tantas saudades que as vezes acho que vou explodir. Me mande notícias...' e eu continuava falando e você não me respondia, e eu quis ligar de novo pra alguém, dizer que estava falando com você, mas me achariam louca. Tudo bem, eu posso viver só de lembranças e memórias. Quem foi que disse que eu preciso viver no mundo real?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

what the hell do they know about insanity?

Acho que os loucos são eles. Como eles conseguem seguir a vida? Mas que diabos de magia eles fazem para não sentir sua falta? Loucos são eles de as vezes esquecerem de você. Porque é que se assustam tanto quando eu digo que converso com você o tempo todo? Eu sei que você pode me ouvir, e as vezes até escuto a resposta. Porque essas pessoas não conseguem entender que você ainda é tudo pra mim, e eu me sinto te traindo até mesmo quando olho pro lado? Elas não sabem que você tá aqui?
Na verdade, a louca mesmo sou eu. Mas não por falar com você e sentir sua falta absurdamente. Sou louca por tentar te substituir, procurar você em outros lábios e beijos e abraços. Sou louca por as vezes pensar que não queria ter te conhecido, só pra não passar por essa dor toda (mesmo sabendo que essa dor não se compara à alegria que um dia nós tivemos). Sou completamente surtada, por ter medo de esquecer você; como esquecer alguém como você?
Acho que fiquei louca, e a saudade é que fez isso comigo. A saudade e a solidão, porque não importa que mil pessoas estejam do meu lado, eu procuro loucamente por você, e só sinto a sua falta.

tired

Não consigo mais escrever direito pra você. Não estou mais feliz, nem menos infeliz; não superei e muito menos deixei de te amar, simplesmente não consigo mais falar. Acho que aprendi a fingir bem demais, e agora não consigo assumir nem para mim mesma o quanto sinto sua falta. Ou talvez eu tenha desistido, minha fé tenha acabado ou eu acabei aceitando isso. Eu escrevo aqui na esperança de você me responder, todos esses textos são para você ler e me dizer o que fazer, eu fecho os olhos e tento imaginar o que você faria se estivesse aqui. Mas se você estivesse aqui eu não estaria fazendo nenhuma dessas coisas que tenho feito. Não estaria agindo feito idiota, não estaria bebendo assim, até porque nem gosto de beber, não estaria rindo histericamente de qualquer coisa, só pra parecer bem. Eu não sei mais dizer o que aconteceria se você estivesse aqui, e eu me cansei de tentar superar você. Cansei de procurar você em outros olhos, outras bocas e outros corpos. Cansei de falar com você e não receber resposta, eu queria tanto um abraço seu...
Talvez eu tenha finalmente ficado forte, e agora essa mascara não sai mais. Talvez eu realmente não vá sentir mais nada, nunca.

here without you

'A hundred days have made me older
Since the last time that I saw your pretty face'
Caralho, já são mais de cem dias sem você. Não consigo nem acreditar que ainda estou viva, mesmo sem você aqui, mesmo morta por dentro, de tantas saudades.

sábado, 12 de novembro de 2011

Carta imaginária de resposta

Oi meu amor, finalmente consegui falar com você! Eu também sinto saudades de você, muitas. Sinto falta de como você fazia carinho em mim a noite e como você desembaraçava meu cabelo e me xingava por sujar o chão todo com meu cabelo preto. Morro de saudades de você fungando e sentindo meu cheiro igual a um labradorzinho, e derrubando e trombando em tudo, como um labradorzinho, também. Sinto falta de implicar com você e colocar músicas de sertanejo pra você ouvir, só pra te ver com cara de brava. Gostava tanto de te chamar de neném, eu ganhava qualquer coisa que quisesse quando te chamava assim.
Sabe, eu estou bem, prometo. Mas fico preocupada com você e minha mãe chorando o tempo todo. Me faz um favor, diz a ela que eu tô bem e ela não precisa chorar assim, mas quando estiver sozinha pode conversar comigo, eu a ouço cada vez que ela pensa em mim; e isso vale pra você também, pode conversar comigo o tempo todo, que eu ouço sempre o que você fala. E pode parar de me chamar de idiota e filha da puta por ter te abandonado, não foi minha culpa, eu não queria ter ido. Se pudesse, estaria aí com vocês. Fico feliz de vocês estarem conversando e se dando bem, se eu soubesse que ela iria gostar assim de você, teria apresentado vocês antes.
Me disseram que eu morri muito rápido e por isso eu ainda tenho que 'me desenvolver espiritualmente' antes de poder falar com vocês ai. Não vejo a hora de poder mandar você engolir esse choro, apesar de adorar ver você vermelhinha assim e tremendo o lábio pra segurar o choro. Juro que assim que puder, apareço aí pra puxar seu pé e o da sua mãe, bagunçar as coisas na sua casa e essas coisas que você me pede. E pra te dar um beijo de boa noite. Eu te respondo todas as noites quando você diz 'boa noite, meu amor' mesmo sabendo que você não pode me ouvir...
A comida aqui é péssima, parece de hospital, e eu nem me lembro do gosto da cerveja mais. Mas acho que sinto mais falta ainda daquela picanha mal passada que fazíamos na sua casa.
Eu tô me segurando pra não dizer 'você ainda é minha e não pode ficar com ninguém mais, não divido minhas coisas' mas disseram que eu tenho que 'liberar' você, senão você fica presa pra sempre a mim, e não vai ser feliz nunca. Bem que eu gostaria que você ficasse presa a mim pra sempre, mas você precisa ser feliz, então trate de encontrar alguém a minha altura e se apaixonar de novo, eu sei que vai ser difícil achar alguém que cheire tão bem, e cozinhe melhor ainda, mas um dia você consegue.
Diz a minha mãe e ao meu irmão que eu amo muito eles, e que eu sinto falta da cabeção da dona Sônia. Diz pra sua mãe parar de chorar por você, que você tá em boas mãos, ganhou um ótimo anjo da guarda (aquele dia que você atravessava a rua com fone de ouvido, se eu não tivesse feito você tropeçar, estaria com vários ossinhos quebrados) e quanto a você, nem tenho o que dizer. Eu te amo, e no final, vai dar tudo certo, eu juro.

Tempo.

Sabe, o tempo não pára. Por mais que a gente queira, por mais que tente, mesmo querendo ficar alí naquele momento pro resto da vida, o tempo não pára, e eu tenho medo. Tenho medo do tempo passar, do mundo passar, meus amigos passarem, minha família passar, e eu continuar aqui. Continuar parada, congelada aqui, no mesmo lugar, nas mesmas lembranças e nas mesmas memórias. Vendo você em cada esquina, mesmo sem olhar pra você. Lembrar de tudo, mesmo sentindo que esqueço aos poucos. Será que pra viver, eu preciso te esquecer? Nunca vou conseguir estar com outra pessoa em qualquer lugar que já estive com você, sem sentir sua presença e te imaginar ali, jamais conseguirei contar um caso e não me lembrar de você, e sempre que abro meus olhos, busco inconscientemente vestígios de você. Joguei aqueles anéis que eu usava fora, eles não substituíam a nossa aliança, só me lembravam que eu precisava esquecer você. Deixar o tempo passar. O tempo não cura porra nenhuma, sabia? O tempo só faz doer mais, o tempo faz lembrar que não importa quanto tempo passe, você não volta mais. Não importa quanto tempo passe, a dor não passa. O tempo não pára e só depende da gente, ser feliz ou não. Ou não.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

deadly

Já cansei de ouvir as pessoas dizerem 'ah, você é muito forte, eu não conseguiria passar pelo que você passou'. Me deixe contar um segredo para elas: eu já morri a muito tempo. Morri quando sua mãe me disse 'a Bianca morreu, Natália'. Morri quando vi os olhos marejados de gente que eu nao achava que chorava. Morri quando abracei seu pai e sua mãe, quando a Sonia me disse 'lembra que eu pedi pra voce cuidar dela?' Morri no segundo em que vi seu rostinho sem vida, dentro de um carro funerário, seu corpo coberto por um pano branco. Morri quando te vi num caixãozinho pequeno, com seu rosto tão triste e sem vida. Morri quando vi tanta gente chorar, e quando aquelas pessoas olharam pra mim e souberam que eu não era só uma amiga. Morri quando fecharam você naquele maldito lugar e eu soube que nunca mais iria ver você. Morri por não ter tido a maldita coragem de tocar em você pela ultima vez, só pra ter a lembrança da sua pele quentinha junto da minha. Morri quando contei toda a verdade, morri quando cheguei em casa e você não me esperava aqui. Morro todos os dias de manha, quando abro os olhos e lembro que você não está aqui.
Morri varias vezes nos últimos meses, e as pessoas nem sabem disso. E como saberiam? Eu continuo viva, no final das contas...
Sempre gostei de pensar em coisas mórbidas, tragédias, me imaginar numa verdadeira novela mexicana.
Imaginava mortes de parentes, acidentes de carro, doenças terminais, tragédias de todas as cores e formas, e ficava imaginando minha reação a cada uma delas, e nenhuma das tragédias que eu imaginava, acontecia. Nem as menorzinhas.
Ate que eu te conheci. Em pouco mais de uma semana, você me perguntou, em tom de zombação 'amoR, se eu morresse você ia chorar?' e eu tentei imaginar a situação. Em menos de dois segundos respondi: aii Bianca, nem brinca com isso! E você continuou: me responde amor, você ia ficar triste? E eu continuei fugindo. Meus olhos se encheram de lagrimas, eu tentei conte-las antes que você as visse, não queria parecer uma idiota apaixonada com tão pouco tempo... Mas você viu, e perguntou porque eu chorava, e eu fiz você prometer que nunca mais me perguntaria aquilo, e você prometeu, não iria mais fazer essas brincadeiras, já sabia a resposta.
Eu não consegui imaginar o que eu faria se você morresse, não consegui imaginar minha reação nem nenhum dialogo, a minha mente sempre tão fértil para tragédias, congelou. Eu havia descoberto o que é não conseguir imaginar a vida sem alguém. A dor dessa descoberta foi tão grande quanto o prazer. Eu te amava, e não restava nenhuma duvida. E eu não podia mais viver sem você.
Perdi as contas de quantas vezes você me disse que eu teria que te suportar por muito tempo ainda, e perdi as contas de quantas vezes disse que suportaria com prazer, para sempre, pelo resto das nossas vidas.
Eu não conseguia imaginar minha vida sem você, e hoje fazem 12 semanas que não te vejo, fazem doze semanas que eu aprendi que é possível continuar vivo quando seu coração já está morto. A essa hora, três meses atras, eu dormia acreditando que veria você no outro dia de manha, e continuaríamos nossa vida, sorrindo, brigando, amando, vivendo. Antes eu tivesse imaginado a tragédia que acontecia, talvez, assim, ela não acontecesse.

leia sem respirar

Tenho tido vontade de gritar pelo amor de deus me ajuda e tira essa dor do meu peito por favor não saiam de perto de mim que a cada vez que eu fico sozinha e sinto mais morta e mais tentada a ir ficar perto de quem eu gostaria e dentro de mim me dá vontade de sair correndo e abraçar todo mundo e chorar no ombro dessas pessoas que tem tentado ter paciência comigo e eu queria muito mesmo de verdade que alguém viesse me salvar dessa tristeza e dessa solidão e queria que não me deixassem sozinha um segundo e quando eu fosse embora queria que me puxassem e me pedissem pra eu ficar um pouco mais e quando eu dissesse que vou passar uma semana isolada do mundo na verdade eu quero que venham me buscar no terceiro dia porque sabem que eu não posso ficar sozinha mas na verdade eu grito que saiam de perto e digo que não quero conversar, não, não quero atenção nem companhia, não choro na frente das pessoas, isso é demonstrar fraqueza, sabia? e não, eu definitivamente não quero um abraço e eu não quero que vocês venham atrás de mim eu só quero ficar sozinha sozinha quieta com meus filmes e livros que não conversam e não me atormentam e quando eu não quero mais ouvir vozes é só desligar o computador que elas se calam mas as vozes dentro da minha cabeça continuam e quanto mais elas gritam mais eu peço pra ficar sozinha e vou ficando sem ar e desesperada e eu vou pedindo pra você voltar por favor não me deixar sozinha porque eu vou ficando louca e desorientada e sem rumo e eu não consigo dormir acho que nem conversar eu consigo mais, alguém teve uma conversa produtiva comigo nos ultimos tempos? eu não me lembro de ter conseguido parecer me importar com alguma coisa, acho que eu só consigo gritar fora daqui e eu gosto de ficar sozinha porque é bom pra pensar mas na verdade eu não quero ficar sozinha eu só queria que minhas amigas me dessem um abraço apertado ao invés de ficar com raiva quando eu sou grossa e eu queria que alguém limpasse minhas lágrimas sem falar nada e eu definitivamente queria que parassem de perguntar se eu estou triste e se eu estou bem porque eu sempre estou triste e eu nunca estou bem mas parece mesmo que só você percebia que quando eu digo sai de perto de mim na verdade eu quero dizer por favor me abraça mais forte.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

lifeless

Como é possível ser tão desinteressada? Não faz sentido viver sem demonstrar vontade de estar aqui, e eu simplesmente não me importo. Não me importo com nada, definitivamente. Não ligo se fui bem ou mal em provas, se meus amigos estão satisfeitos comigo, se eu tenho fingido bem estar bem, se meus pais estão bem, se açaí tem infectado pessoas com doença de chagas, se o ex presidente tem câncer. Quem liga? Nada disso me importa, nada disso é relevante pra esse coração que agora, mais do que nunca, só serve para bombear sangue. Não me importo, não me preocupo, não me emociono, nao vejo relevância em nada vivo. A única coisa que prenderia minha atenção seria uma máquina do tempo ou algo que me fizesse ver você mais uma vez.

imagine

Ah, como eu queria voltar no tempo. Já perdi a conta de quantos diálogos criei, quantas situações inventei, quantos dramas, quantas historias imaginei, para tentar trazer você de volta, nem que fosse por um segundo. Eu indo te buscar na PUC, na velvet, num motel barato com outra. Tudo bem, te perdoaria. Você num hospital semi-morta e sem se lembrar de mim, eu não ligo, cuido de você, nem que eu tenha que fazer você me amar de novo. Eu dentro do carro com você, não faz mal, morreria em seu lugar. Eu deveria ter arrancado as chaves da sua mão e ter proibido você de sair de casa, iria lidar com as consequências. Alguém me ligando e dizendo que você bebeu tanto que não sabe mais onde mora, ensinaria o caminho da minha casa e diria que você mora aqui, pra sempre.
De que adianta isso tudo, me diz? Nada traz você de volta, nada disso ameniza a dor, diminui a saudade. Me diz por que eu continuo procurando respostas, inventando contos, se você não volta mais? Me ensina a viver sem você, me ensina a não morrer de saudade.
Dá vontade de gritar bem alto: Por favor, alguém tira essa dor daqui, tá me sufocando!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

pensar mata.

Tenho me sentido egoísta, carente de atenção, de abraços, de palavras reconfortantes, de amor. Caralho, que saudade de me sentir amada. Que saudade de dormir me sentindo dentro de um casulo, e com sua respiração me acalmando. Que saudade imensa de sentir seu calor pertinho de mim e sua risada gostosa e sua voz macia e seu sorriso lindo. Tenho fome de você a cada segundo, e eu procuro um pedacinho de você em cada pessoa que chega perto de mim, tento tirar uma lasca de lembrança sua de cada lugar por onde eu passo, e sinto que vou ficar louca, cada vez mais louca.
Quero que todos perto de mim me dêem a atenção que você me daria, não consigo ser um minimo simpática e educada com ninguém, não consigo demonstrar empolgação, nem sei o que é carinho mais. E meus amigos merecem que eu me desculpe bilhões de vezes por isso, mas é que meu coração não quer entender que o que eu preciso ninguém pode me dar, meu cérebro fica pedindo por você a cada minuto, e sempre vêm a minha mente alguma memória de você, sempre sinto a necessidade de falar de você e lembrar de você e tentar sentir você mais perto daqui, mais perto de mim.
Eu tenho machucado todos que tentam me fazer melhorar, tenho ferido todos esses que querem que eu fique bem, e parece que virou um vicio fazer inimizades. Juro que tento, eu realmente tento, mas é impossível me interessar, é impossível sorrir por muito tempo, é difícil de verdade segurar as lágrimas. E todos parecem tão bem, todos estão tão felizes, tudo dá tão certo pra todo mundo que eu não sei o que pensar, mais. Tenho vontade de me trancar onde ninguém possa me ver chorar e onde ninguém consiga perceber que a alegria dos outros me machuca e me dói como uma facada, eu sei que é errado sentir isso, não é minha culpa, eu tento evitar, mas não é justo. Nada disso é justo, sabia? Eu não sou tão ruim assim, sou? Quer dizer, porque é que tem que doer tanto em mim, meu amor? Porque é que eu tenho que passar por isso sozinha? Tirar você de mim foi a maior crueldade do mundo, do destino. Me fazer viver sem você, que eu achei que teria pro resto da minha vida, acabou com todas as minhas forças, minhas energias, minhas alegrias. Acabou com a minha vontade de viver, e me sinto movida por saudade.
E saudade não me faz bem, e eu não consigo fingir estar bem e não consigo viver perto de ninguém mais, sem machucar essas pessoas. Ultimamente, tenho me esforçado pra não ficar sozinha, mas é o que eu mais quero, me isolar do mundo e deixar a dor me consumir, me machucar, me adoecer, e talvez, satisfeita, partir.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

flashback

Nós nos sentamos, você olhou pra mim com cara de dor e de quem não dormia a alguns dias. Eu tentava parecer séria, mas desde que cheguei já sabia que te perdoaria. Você tentou pegar na minha mão e eu deixei, minha pele formigava com o contato com a sua, e meu coração disparou como se fosse a primeira vez. Seus olhos estavam marejados quando você pediu desculpas e disse que me amava. Eu me sentia uma idiota por te perdoar, mas é claro que eu faria isso. Eu também te amo, idiota. Você me beijou e pareceu a primeira vez. Foi como uma cena de cinema, parecíamos uma só, e a cada segundo eu te amava mais, precisava mais de você e pertencia a você. Não sei como você fez isso, mas me tinha nas mãos sem nem precisar se esforçar.
Se eu soubesse que tão pouco tempo depois perderia você, teria te abraçado mais forte, teria dito mais vezes que amava você e faria você acreditar no quanto eu sentiria sua falta. Se eu soubesse o quanto dói ficar sem você, teria colado seu corpo ao meu e o que acontecesse com você aconteceria a mim também. Ficaríamos juntas pra sempre. Na verdade, nós ficamos juntas para sempre, até o seu fim. E o meu fim? Será que existe outro para sempre pra mim? Será que vou dizer eu te amo mais uma vez?
Eu te amo, meu neném. E sinto sua falta.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Será que você volta?

Essa noite eu sonhei com você. Isso não tinha acontecido ainda, desde que você se foi. Sonhar mesmo, aqueles sonhos bestas que a gente nem dá importancia, sabe? Então, eu sonhei com você, e no meio do sonho eu meio que acordei, não sei explicar... eu ainda estava dormindo, mas tava pensando, e aí eu pensei 'nossa, a gente brigou, eu acho, porque faz muito tempo que não converso com a Bianca' e fiquei tentando lembrar porque é que eu não conversava com você a tanto tempo, e depois de vários minutos é que lembrei, acredita? E ai acordei de vez e fiquei pensando 'como eu consegui esquecer?' e me deu um vazio tão grande, um buraco tão imenso aqui dentro que quase não conseguia respirar. E eu fiquei com medo de perder você dentro de mim, fiquei com medo de um dia procurar você aqui e não encontrar mais. Fiquei com medo de um dia procurar seu sotaque e sua voz e não conseguir ouvir dentro da minha cabeça. Fiquei com medo de esquecer você, e doeu tanto... Eu tenho tanto medo de perder você, sabia? Tenho medo de um dia precisar de você e não conseguir ouvir você me dizendo que vai ficar tudo bem. Dentro de mim é o único lugar onde você ainda vive, se você deixar de viver dentro de mim, não sei o que vou fazer comigo mesma... sabe? Você é a parte mais linda de mim... minhas qualidades, você quem me ensinou a ter, e meus defeitos, você quem me ensinou a concertar e controlar. Então olha, não vai embora. Não sai de dentro de mim, não me deixa te esquecer, não me deixa te perder, por favor. E enquanto eu viver, vou continuar querendo sonhar com você, a cada noite.

E te querendo eu vou tentando te encontrar...

Cheguei à conclusão de que nunca vou te esquecer. Mesmo se eu quisesse, não conseguiria, mesmo se eu tentasse e me esforçasse muito, seria em vão. Se eu sentir mil novos cheiros, o seu ainda vai ser o melhor, se eu olhar dentro de dois mil novos olhos, os seus ainda vão ser os mais bonitos e os únicos que viam dentro da minha alma. Se eu beijar mil novas bocas e sentir mil novos gostos, o seu vai ser, sem comparação, o melhor de todos. Se eu abraçar qualquer pessoa no mundo, não vou sentir nem um décimo do que sentia quando abraçava você. Voz nenhuma é tão marcante quanto a sua. Nem uma injeção de adrenalina faria disparar meu coração como fazia o seu toque. Mesmo que eu diga 'eu te amo' mais uma vez, não vai ser por inteiro, como foi com você. Mesmo que eu conheça todas as pessoas do mundo, você ainda vai ser a mais importante, a mais incrível, a mais linda, e a que faz mais falta.

domingo, 30 de outubro de 2011

you're aways there...

Faz frio aqui, e eu queria olhar pra você. Queria que você se sentasse ao meu lado e quando visse meus olhos marejados me abraçasse, dissesse que tudo vai ficar bem e me deixasse chorar. Depois que minhas lágrimas secassem você me perguntaria o que foi, e eu provavelmente não saberia responder, diria alguma coisa como 'eu tenho medo de perder você, não consigo mais ver minha vida sem você' e você iria sorrir o sorriso mais lindo do mundo e diria que não ia sair do meu lado e que eu teria que te aguentar por muitos anos ainda, e eu diria que aguento com prazer, porque você é a melhor coisa que já me aconteceu. Você limparia minhas lagrimas que agora correm soltas e diria pra eu parar de chorar, porque no fim tudo dá certo. E eu acreditaria em você. Eu sempre acreditei em você, e agora tudo não passa de um nada. Agora nada faz sentido e agora ninguém limpa minhas lagrimas. Agora ninguém me diz que tudo vai ficar bem, e mesmo se alguém dissesse, eu não acreditaria. Afinal, como é que alguma coisa pode ficar bem sem você?
Sinto sua falta, a cada segundo. E eu sinto você aqui o tempo todo, dentro de mim. Mas eu queria ver você, beijar você e sentir o seu cheiro. Eu tento ainda acreditar em você, e pensar que no fim vai ficar tudo bem, mas é difícil, porque tudo é tão ruim sem você aqui que não consigo ver maneira de algo ficar bem, algum dia.

let go

Em cada um dos olhos que passam por mim, eu procuro os seus. Até quando vou procurar você, sem querer aceitar que tudo acabou e você não volta mais? Quando vai acabar essa compulsão por detalhes que me fazem pensar em você, quando os lugares vão parar de ser lembranças de uma época mais feliz? Quando vou conseguir sorrir e não pensar no seu sorriso? Quando vou conseguir dizer 'eu te amo' sem que você seja a pessoa que eu amo? Quando vou parar de me sentir pra sempre sua, e quando a saudade vai parar de mastigar meu coração? Tenho medo da resposta para essa perguntas ser 'nunca'. Tenho medo de não querer te esquecer, medo de você ser pra sempre a parte mais bonita de mim e da minha vida. Hoje, agora, sentada numa mesa sozinha e olhando para a cadeira vaga ao meu lado, eu quase consigo ver você. Quase estico o braço para tocar sua mão e se eu fechar os olhos posso até sentir seu cheiro. Eu daria minha vida por mais um dia com você. Desistiria do mundo pra ficar com você. Tenho certeza de que um minuto com você é muito mais bem aproveitado do que o resto dessa vida sem sua presença. Eu faria qualquer coisa pra trazer você de volta, nem que fosse só pra ver você de longe, até se fosse pra ver você abraçando outra e dizendo 'eu te amo' pra alguém que não fosse eu. Eu só queria que você estivesse viva. E sete meses atrás eu não achava que sentiria tanto a falta de alguém, como sinto a sua. Eu te amo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lie to me

Acho que o que eu escrevo não faz muito sentido pra quem lê. Quer dizer, qual é a função de ficar escrevendo coisas tristes e se lamentando numa página da internet? O que eu ganho, ao falar o tempo todo dessa saudade imensa, dessa tristeza sem fim e da dor inexplicável? Porque contar meu dia num lugar que ninguém lê?
Eu simplesmente espero que você leia, meu amor. Espero que você veja, de alguma forma louca, tudo isso que eu escrevo, todos os pedidos de ajuda, todas as coisas sem sentido. Eu espero que você leia isso e saiba o quanto eu te amo. Hoje eu tenho a impressão de que não te disse isso vezes o suficiente, então eu repito o tempo todo, aqui, sozinha no quarto, andando na rua, em pensamento, gritando quando ninguém pode me ouvir. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Eu queria que você me ouvisse, queria que me respondesse, me abraçasse e dissesse que me entende e que vai ficar tudo bem. Uma vez nós brigamos e você me disse 'mente pra mim, diz que me ama, mente só mais uma vez.' E isso nunca saiu da minha cabeça, sabia? Até hoje eu ouço você dizendo que eu menti pra você quando disse que te amava. Eu menti várias vezes, mas isso não foi uma mentira. Nunca. Eu te amo, ainda te amo. Vou te amar por muito tempo ainda.
Eu queria que você me ouvisse. Você sempre me entendeu. Entendia minhas explicações absurdas mesmo quando eu estava sufocada em lágrimas com a cara escondida no travesseiro. Você entendia o que eu dizia, entendia o que eu queria dizer e entendia até mesmo o que eu não conseguia explicar.
Eu sinto sua falta. Sinto falta de olhar pra você e saber que você via dentro da minha alma, me via por inteiro. Sinto falta de olhar pra você e tentar te decifrar. Sinto falta até das suas mentiras. Sinto falta do seu beijo e de acordar sentindo o cheiro do seu shampoo. De te abraçar e sentir o melhor perfume do mundo, até depois de 3 dias sem banho.
Eu queria que você me visse. Queria que você soubesse que tá difícil sem você. Que eu sinto falta de abraços, e que eu preciso de ajuda. Que eu te amo. Queria que você olhasse pra mim e visse como meu sorriso não é mais o mesmo, e que todas essas gargalhadas não significam nada. Queria que você sorrisse pra mim.
Ei, será que você pode mentir pra mim só mais uma vez? Mente pra mim e diz que vai ficar tudo bem...

não passa

Acho que pulei uma fase. Deveria ter ficado trancada chorando por um tempo, renegado atenção e me afogado em depressão. Deveria ter ido a loucura. Assim não diriam que essa minha força é estranha, incomum. Não me olhariam como se eu estivesse fora do padrão por estar tentando me mover. Viver.
Confesso que tudo o que eu queria era viver esse luto, me trancar, me afogar em lagrimas e me dopar, dormir até a dor passar. Mas é esse o ponto: a dor não passa. Não acaba. E lagrimas não amenizam nada. Dormir também não. E se eu for chorar e dormir até a dor passar, é melhor morrer de uma vez, porque não passa. Eu queria que passasse, queria acordar de manha e não sentir o vazio que tá aqui. Quase como fome, uma fome constante e excruciante, que fica me lembrando de que não vai acabar nunca. Mesmo se você voltasse, eu nunca ficaria satisfeita de você. Eu nunca diria que não quero mais.
Vezenquando acho que deveria pedir ajuda, gritar pros quatro ventos que fiquei louca e doente e triste e soltaria e depressiva e que tudo o que eu preciso é que alguém me abraçasse e me deixe chorar, sem consolo e sem explicação. Outras vezes acho que deveria me trancar e ficar sozinha e chorar sozinha todas essas lagrimas do mundo e deixar que o vazio me engula até que eu desapareça, e nesses momentos acho até que seria um alivio pra essas pessoas que não sabem lidar comigo, comio falando de você e comparando todos a você e chorando por você e até fazendo brincadeiras mórbidas. Eu digo que é melhor rir do que chorar, mas sabe, não da pra rir o tempo inteiro, e você sabe muito bem disso, afinal, você ta aqui comigo e sabe que essa dor não passa.

sábado, 22 de outubro de 2011

hey love, your face is full of lies

Eu queria escrever mentiras. Queria que nada disso fosse real. Talvez a história de alguma princesa num reino distante, provavelmente inspirada em algum livro dramático ou filme água com açúcar que vi. Acabaria tudo bem, com anjos da guarda, reencontros, lágrimas e alegria. Uma história, pra ser vendida, tem que ter um final feliz, não é?
Eu queria escrever mentiras, mas isso aqui é sobre mim, é a minha história e a minha realidade. E eu não faço drama, não é nada de crise-existencial-de-adolescente nem drama-de-novela-mexicana. E isso é uma merda. Eu queria ter a vida dessas pessoas a minha volta, quer dizer, chorar um oceano porque quem-eu-quero-não-me-quer ou ela-me-largou-por-outra-pessoa ou tô- com-saudade-de-quem-verei-semana-que-vêm e até mesmo oh-como-vou-suportar-a-distância. Já fiz todos esses dramas e superei cada um deles. Já morri de amor e jurei esperar alguém pra sempre. E passou. Olá você que chora por ter levado um pé na bunda, isso passa, prometo. Isso aqui é sério. Não é baboseira pra distrair ninguém nem historinha de amor com final feliz. É saudade de verdade, 'adeus' de verdade, e é triste de verdade. Sou uma das pessoas que já disse adeus tendo a certeza mais que absoluta que nunca mais ouviria uma palavra vinda daqueles lábios, sou alguém que tocou um corpo gelado e soube que ela não sentia frio, e viu um corpo adormecido, olhos fechados, e soube que eles nunca mais se abririam. Uma pessoa que espera por algo que sabe que não vai acontecer, mas espera mesmo assim. Me tornei alguém que sabe que não vai esquecer, alguém que sabe que seus olhos não vão mais brilhar por esperança, o coração não vai disparar por alegria, as mãos não vão suar por nervosismo; e amor, ah! amor só pela metade, ou nem isso. Eu queria escrever mentiras, mas deixa pra depois, isso aqui é vida real.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Destempero

Cheguei à conclusão de que as coisas perderam o tempero. É isso. O que antes era salgado, hoje é neutro, sem sal, aquilo que era doce, hoje é suave demais, diet. Pra gente não existia destempero, com a gente não tinha isso de tanto faz, meio termo, qualquer coisa. Eram extremos. Doce demais, quase enjoativo de tão amoroso, carinhoso, alegre. Salgadíssimo, amargo e forte, fazendo embrulhar o estômago. Sem você não há nada disso, não existe nada temperado, nada me chama a atenção e nada me importa. Tudo é tão sem sal que ficou indiferente. Ou então eu é quem perdi meu tempero, eu é que fiquei indiferente, parada no meio do caminho. Nem feliz nem triste, nem depressiva nem radiante, nem viva nem morta. Meu tempero era você, dá pra ver isso? Eu não sei mais quem eu sou, sem você. Não sei meu gosto, minha alma perdeu a cor, ficou turva, nublada.
Mas as vezes penso: não é porque não tem gosto, que não existe. Quer dizer, aquele arroz sem sal está ali, existe, sustenta e nutre, só... Não tem sal. Assim tem sido minha vida, ela existe, passa, coisas acontecem o tempo todo, só... Não tem você. É isso.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

hurts like heaven

Devo ser meio masoquista. Gosto de cutucar minhas feridas e expor a saudade. Gosto de lembrar de como eu costumava ser feliz com você, de como minha vida era completa e que eu não precisava de mais nada, além de você, pra ser a pessoa mais feliz do mundo. Gosto de lembrar da sua risada e de como seu sorriso me fazia sorrir, e amo me lembrar do toque dos seus lábios com os meus e como eu sentia um fervor dentro de mim quando você estava perto. Era como se eu estivesse constantemente com febre. Me apaixonei mais ainda por você, meu amor aumenta assustadoramente a cada dia, e toda manha me apaixono mais, espero um pouco mais, alimento um pouco essa loucura e essa saudade. Doença mortal, eu acho. Masoquismo fora do comum; afinal, qual é o sentido de amar alguém que já nem vive? Não há o mínimo sentido nesse amor, mas aí eu me pergunto se algum dia ele já fez sentido. Sempre fomos meio loucas, meio surtadas, acordávamos em meio a terceira guerra mundial e íamos dormir num acordo de paz, sempre fomos inconstantes e idiotas, rindo do que não podia e chorando sem motivo, sempre foi assim... então pra que esperar alguma lógica agora? Agora é que fiquei louca mesmo, e sozinha. Louca de amor, louca de saudade, louca de dor, louca de angústia, louca. E quer saber? Eu sou mesmo masoquista, porque é só quando penso em você é que me sinto bem.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

As vezes

As vezes olho para o lado e parece ser você. As vezes alguém fala e eu ouço sua voz, suas manias, suas risadas. De vez enquando eu olho de relance e juro ter visto seu rosto no rosto de qualquer pessoa na rua. As vezes um carinho que recebo até parece o seu, as vezes fecho os olhos e faço carinho em alguém, fingindo ser você. Respiro perfumes procurando o seu, abraço corpos estranhos na esperança de encaixar como o nosso. Fico doente na esperança de você cuidar de mim, choro na esperança de você limpar minhas lagrimas, sinto dor pra você me dizer que ficará tudo bem, tenho medo pra você segurar minha mão, e cada minimo movimento que eu faço tem você no meu inconsciente. Eu sinto tanto sua falta, que as vezes finjo que você está aqui. Você sabia que ainda converso com você, e digo 'sua idiota, volta logo, que eu não aguento mais de saudade' e fico aqui esperando você responder 'to chegando, amor!' Você me disse 'até amanha' e eu nunca mais te vi, e eu ainda espero te ver 'amanhã'. Todos os dias acordo com esperança de ver você, sentir seu cheiro, sua voz ou seu toque, e toda noite durmo com dor e frustrada, querendo morrer de tanta saudade. As vezes eu quero desistir e ir logo ver você, mas dizem que quem desiste vai pra outro lugar, e aí é que eu nunca mais te veria, e eu preciso te ver mais uma vez... Então eu continuo aqui, com toda essa dor e essa saudade, e escrevendo essas coisas repetitivas que ninguém vai ver e esperando por você. Quase sempre eu digo que te amo e espero ouvir que você também me ama.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

let me see you

Será que é loucura desejar ver você? Desejar que você me mande um sinal, puxe meu pé ou algo assim? Não sei se é loucura, delírio ou se é completamente normal, mas daria tudo pra ver você mais uma vez, conversar com você, saber o que você teria a me dizer. Queria saber se você ainda cuida de mim, se ainda deita-se na cama e me abraça forte, mesmo sem eu ver, queria saber se foi você quem segurou minha mão praquele carro não me atropelar, ou se você estava lá quando eu tentava te deixar orgulhosa. Queria saber se você ainda olha pra mim com cara de boba e se me vê chorando toda noite. Será que você sente saudades? Será que pensa em mim? Será que me perdoou por todas as burradas que já fiz, assim como eu perdoei as suas?
Eu queria te ver mais uma vez, nem que fosse pra dizer adeus, pra dizer pela última vez que você foi o amor da minha vida e ninguém vai tirar esse posto de você. Preciso saber que você me ouve, que você me sente e olha pra mim. Será que você ouve quando eu falo com você? Você se importa de eu continuar usando nossa aliança de namoro e chorar sempre que pego em uma das suas roupas? Você fica magoada quando eu choro e grito aos quatro cantos que você não poderia ter feito isso comigo? Ei, você não podia ter me abandonado, doeu de uma forma insuportável, e ainda dói.
Você acredita nessas risadas que eu dou o dia inteiro? Acredita que eu estou feliz, assim como todas essas pessoas? Não acredite, meu amor, não acredite... não existe felicidade pra mim, quando você não está aqui.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

intitulável

Saudade é olhar para mãos dadas e ver as nossas. É olhar pra qualquer lugar e te ver ali. É segurar essas lagrimas pra não parecer idiota e constranger aqueles que não tem o que dizer. É falar de você o tempo inteiro e ainda assim sentir esse vazio. É passar horas seguidas pensando em como seria se você ainda estivesse aqui. É sonhar acordada. É agir como se você ainda estivesse viva. Viver em função de você. Deixar você orgulhosa mesmo das coisas mais idiotas e me sentir extremamente mal quando faço algo que sei que não te agradaria. É te amar mesmo de longe. Mesmo sem ver, sem sentir, sem ter prazer, sem ter carinho, sem existir. Saudade é preferir passar o tempo sozinha do que tentando te substituir. Saudade é não saber o que fazer com as malditas lagrimas acumuladas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Talvez

Eu devia ter te dito 'eu te amo' aquele dia. Devia ter sorrido mais e devia ter sido mais carinhosa. Deveria ter pego seu rosto entre minhas mãos e dito o quanto você era linda, o quanto seu sorriso era encantador e como suas sobrancelhas combinavam com seu rosto. Devia ter penteado seu cabelo mais suavemente e ter feito carinho nas suas costas por mais tempo durante a noite. Ah, se eu soubesse que era a ultima vez! Teria me declarado pra você mais uma vez, teria dito todas aquelas baboseiras que você já sabia e conhecia de cor, teria te abraçado bem forte, sem medo de partir você no meio. Se eu soubesse que nunca mais veria você, faria você prometer que não esqueceria nem no ultimo segundo de vida que eu te amo mais do que qualquer outra pessoa no mundo, e que vida sem você não é vida. Se eu soubesse que aquele dia acabaria assim, teria dito pra você não ir, prenderia você em casa, trancaria as portas e te distrairia você da melhor forma possível. Se eu soubesse que aquele tchau seria um adeus, teria chorado um oceano inteiro e inundado o mundo, e assim, quem sabe, você entenderia o quanto significa pra mim. Renato Russo é quem tinha razão, é mesmo preciso amar as pessoas como se não houvesse amanha, pois na verdade não há. Se eu soubesse que não haveria amanha, talvez fosse diferente. Talvez você ainda estivesse aqui, se eu tivesse te dito 'eu te amo' você teria acreditado e continuado aqui?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

good night, my love.

Saudade aumenta quando o ambiente nos lembra do 'objeto' de saudade. Aquele lugar, aquelas pessoas, aqueles restaurantes, aqueles olhares, sorrisos, risadas, qualquer metro quadrado daquele maldito lugar me faz pensar em você. Mais do que o normal, se é que é possível. É como se eu esperasse piscar e encontrar você ali, olhando para mim, sorrindo e dizendo 'sentiu saudade, amorzinho?', mas "Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais." Nada de bonito acontece mais. E mesmo sem perspectiva ainda há uma parte louca de mim que se vira em direção a todos os sotaques 'da roça' que aparecem, esperando que seja o seu, encaro todas as meninas de cabelo preto e liso, na esperança de que seja você, e a cada maldita vez que entro naquela faculdade juro que quase pego meu celular pra mandar você sair da sala e ir me ver. E aí nós nos abracaríamos, daríamos um discreto selinho, entrelaçaríamos os nossos dedos e minha vida seria completa novamente.
Me sinto sínica rindo e brincando o tempo todo. Me sinto falsa, dissimulada. Olho pra mim mesma e penso 'essa risada realmente veio de mim?' e quando afirmo que sim, vem o conhecido nó na garganta, os olhos que já ficam marejados quase 24 horas por dia e o coração apertando assustadoramente. E mesmo aqui eu continuo aquela risada, aquela piada, aquele sorriso, e chorar na frente de qualquer pessoa se tornou algo completamente fora de uso, essas pessoas não vão me ver chorar, não vão saber da minha dor. Deixe-os acreditar que sou forte e insensível e deixe-os achar que eu nem gostava tanto assim e tudo bem eles crerem que sua morte não foi nada mais do que um acidente , uma ironia do destino. Tudo bem, nenhum deles dorme no meu travesseiro molhado de lagrimas todas as noites, nenhum deles me ouve chorar durante o banho e nenhum deles sabe o porque dos meus olhos frequentemente inchados e vermelhos. Tudo bem eles acreditarem que está tudo bem, porque eu ainda te digo 'boa noite meu amor, eu te amo' todas as noites.

Guilty

Acho que somos condicionados a acreditar em certas coisas. Quando nossa mente acaba se acostumando com certa ideia é muito fácil mantê-la. Eu fui condicionada a acreditar, no primeiro momento, que a sua morte era culpa minha, eu é quem não cuidei de você, não protegi você, e deveria ter feito isso. Minha mente se acostumou a acreditar que é culpa minha e eu convivo com essa culpa todos os dias, sentindo uma dor imensa, de saudade e peso na consciência.
Por outro lado, a verdadeira culpada foi condicionada a acreditar que não era culpada. Afinal, ela não se lembra de nada, ela não conhecia você, não sente sua falta e não via seus olhos cheios de vida todos os dias. Ela estava dirigindo aquele maldito carro, ela estava a uma velocidade imensa, ela bateu o carro no poste e ela te matou. O que será que disseram a ela, para condicioná-la a acreditar que não é culpada?
Eu só sei que quando ela olhava pra mim, parecia ver a culpa e a dor nos meus olhos e no começo isso não era refletido, mas depois de um tempo eu podia ver que ela entendia a dor e a saudade, entendia o sofrimento, e parecia começar a pensar que condicionaram ela a se sentir vitima, e não vilã, apenas uma marionete, e olhando pra mim ela pode ver que não era bem assim. Só espero que ela aprenda a lição, e não destrua mais outras vidas e corações, e não se deixe acreditar que ela não tem culpa.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

divagação

Todas as vezes que eu sorrio, penso em você, que já não sorri mais, sempre que abraço alguém, lembro de você, que já não abraça ninguém, a cada respiração penso em você, que não respira mais, e quando durmo, secretamente desejo, assim como você, não acordar mais. Nunca pensei que fosse conseguir passar pelos dias sem você, sem seu sorriso e seu abraço, sem sua respiração perto da minha, sem sua voz macia. Digam o que for, que foi rápido demais, curto demais o período de tempo, mas quando eu te vi eu sabia que seria a pessoa mais importante da minha vida, eu sentia que você seria dona do meu coração. Ninguém pode dizer quão grande é a minha dor, e é terrivelmente insuportável. Essas lágrimas que molham o maldito teclado a cada vez que escrevo, que embaçam meus olhos me fazendo corrigir depois, essas lágrimas desejam me acompanhar a cada segundo, e eu não sei como consigo contê-las até um momento em que eu não vá 'contaminar ninguém com minha dor'. Mas sinto muito, eu não consigo mais ser feliz, eu não consigo me importar, eu não consigo rir espontaneamente, eu não consigo ter vontade de fazer nada, eu só queria estar com você. Eu não consigo mais amar. Você levou meu coração com você, e remédio nenhum, amigo nenhum, trazem esse órgão filho da puta de volta. Ele foi enterrado com você, já era seu desde o momento do primeiro 'eu te amo' e nunca mais saiu dali. A dor passou a ser doença, a saudade se tornou compulsão, o pensamento, pesadelo e a tristeza profunda, loucura. Dizem que o tempo cura tudo, ou quase tudo, só não cura a saudade, que aumenta a cada dia. Volta, ou me leva com você...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

beautiful nightmare

Hoje eu desejei que você estivesse aqui. Não que não faça isso todos os dias, mas acho que hoje mentalizei tanto que quando me deitei pra dormir juro que quase senti você ali comigo, eu te abraçando, dando beijinhos nas suas costas e me afogando nos seus cabelos pretos. Senti seu corpo quente e sua respiração suave, seu ronco baixinho de nariz entupido. Depois senti você acordando, virando pro meu lado, me abraçando e respirando fundo pra ver se me acordava, quando acordei, senti você olhando pra mim, senti seu toque no meu rosto, o beijo de bom dia bem suave, depois senti sua risada quando falei que meu braço estava dormente, senti seu peso em cima de mim, você deitada no meu ombro e dizendo que estava com fome, ou com frio, ou qualquer outra pequena reclamação, não importa qual, e aí eu podia sentir seu cheiro tão perto, e podia sentir sua risada, seu toque, seu beijo... E de repente você estava chorando, e eu te perguntava porque você chorava e você dizia que já era hora de ir, não podia ficar mais, e então eu te segurava pra você não ir, mesmo sabendo que você acabaria me deixando, e eu pedia pra você ficar, e você dizia não posso não posso, e eu não sentia mais sua mão, nem sua respiração, nem seu beijo suave e eu dizia volta, eu cuido de você e você ia sumindo e sumindo e eu já não te via mais, e então eram só as lágrimas, e aí eu acordava com tanta dor aqui dentro, e quando passava a mão no rosto as suas lágrimas ainda estavam aqui...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Escrito em 16/08/2011

Dizem que os mortos tem uma expressão pacífica, tranquila. Você não tinha essa expressão, não queria ter ido embora, não queria estar onde está, seja lá onde for isso. Foi muito cedo e deixou muitas coisas por fazer, muitas promessas sem cumprir, palavras jogadas ao ar e que nunca foram ditas, abraços que nunca foram dados, olhares incompletos, não correspondidos, perguntas sem resposta. Você não podia ter ido embora, não agora, que tinha tanto amor aqui. Nós chegamos a conversar sobre a morte, eu me lembro, mas sobre a morte de nossos pais, de como você ficaria ao meu lado se meu pai morresse, ou como foi dolorosa pra você a morte da sua avó. Um dia você decidiu brincar comigo e perguntar se eu ia chorar se você morresse, só de imaginar isso eu chorei e te fiz prometer que nunca mais tocaria no assunto. Era pra ser eterno, você disse que eu teria que te aguentar nos próximos mil anos, e eu aguentaria sem nem reclamar. Faria massagem e carinho todas as noites, pentearia seu cabelo preto depois do banho todos os dias, acordaria no meio das noite pra ouvir seus sonhos estranhos, ouviria você cantando sertanejo no carro, qualquer coisa seria melhor que essa maldita ausência, essa dor, essa saudade. É impossível traduzir em palavras essa dor que sinto quando penso em você. Qualquer música, programa de TV, rua, comida, avenida, voz e palavra me fazem pensar em você, e dói.
Me diz, um dia eu vou ver você novamente? Vou sentir seu cheiro e ouvir sua voz? Vou poder dizer o quanto te amo e que é por você que levanto todos os dias? Você vai me chamar de neném, bocó? Vai dizer que sou um labradorzinho e destruo tudo por onde passo? Vai me contar coisas idiotas de quando você era criança? Vamos rir de coisas estúpidas? Vai me ensinar a dirigir? Me diz, por favor, que eu vou te ver outra vez.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Onde está você agora?

A força, essa herança que você deixou pra mim, tá diminuindo a cada segundo, e fica cada vez mais difícil sem você aqui. Me disseram que seria difícil, mas nunca imaginei que seria tão insuportável. E eu fico cada vez mais sozinha e sinto cada vez mais a sua falta. Minha força ta acabando... Ei, você tinha prometido que no final tudo ia dar certo, lembra?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

there is no hope at all

Não existe mais esperança, não existem mais coisas bonitas. Não pra mim. A vida continua para todos, o amor continua para todos, outras amizades aparecem pra todo mundo, mas pra algumas pessoas é mais difícil continuar, seguir em frente. Como uma mãe, um pai, seguem em frente sem o filho que foi gerado alí, o filho que teve em seus braços, alimentou e investiu toda sua vida naquele pedacinho de vida? Como essa mãe vive sem um pedaço de si? Como um pai vive sem o sorriso que o moveu durante anos? Essas pessoas tem força, e tem que ser muito admirados, deveriam ter monumentos em seu nome, em nome da força que têm, somente por conseguir seguir em frente sem um pedaço de si.
Pronto. Admiti que a dor de alguém é maior que a minha. Isso não é novidade, eu sempre soube que minha dor não era a maior do mundo, eu não carrego o mundo com as mãos, como fez Atlas. Mas ainda assim é bem maior que a dor de muitas dessas pessoas que não se importam, e querem que eu me importe. É assim: A pessoa quer carinho, quer atenção, quer desabafar e me ter sempre do lado, segurando a mão e dizendo 'eu estou aqui'. E eu realmente estou ali, eu ajudo, eu aconselho, eu dou forças e limpo lágrimas, sempre. E queria que o fizessem por mim. Parece meio ingrato dizer isso, porque eu tenho amigos, mas isso não tem sido o suficiente sabe? Parece que eu preciso de mais, mais abraços, mais carinhos, mais lágrimas limpadas, mais ombros pra chorar, mais vozes me dizendo que estão ali e que vai ficar tudo bem, nem que seja mentira, só pra eu acreditar por um momento, eu queria mesmo que mentissem pra mim e dissessem que vai ficar tudo bem. Eu queria um segundinho que fosse, de paz e alegria. Queria ter a sensação de que não acabou pra mim, é pedir demais?

(sobre)viver

Odeio essa cidade. Odeio os lugares que frequento e todas essas pessoas que eu vejo. Procuro seu olhar em todos os olhares, seu sorriso em todas as conversas, seu calor e seu cheiro em cada abraço. E só percebo vazio. A cada minuto fico mais vazia. Vazia de emoções, de alegria. Tenho a sensação de estar oca, sem nada aqui dentro além do que é necessário pra sobreviver. Somente vísceras, órgãos e artérias. Sobrevida. Porque uma vida sem você deixou de ser vida. Saudade pra mim tem um significado diferente. Eu sei que você não vai voltar, não vou te ver amanha, mês que vem ou daqui um ano. Não vou ouvir sua risada nem ver seus olhos cheios de emoção. Essas pessoas não sabem o que é saudade, não sabem o que é dor e não acreditam na minha dor. Duvidam que esteja tão ruim assim. Bem, está tão ruim assim. E eu queria poder desistir e acabar logo com essa saudade infindável. Mas eu não posso, então eu fico aqui morrendo pedacinho por pedacinho, com minhas emoções sendo deglutidas, mastigadas, digeridas e evacuadas como se fossem um pedaço qualquer de merda, porque é isso que elas viraram. Sem você, o mundo inteiro é uma grande merda.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Memória ingrata

Uma noite normal, cansada demais para manifestar qualquer objeção. Ela me acorda ''não consigo dormir, tive um pesadelo...'' me abraça ''sonhei que tava morta, e estava me vendo de cima'' ''não precisa ter medo, eu tô aqui, te protejo''. Não vou a aula, continuo abraçando-a e pensando que poderia, confortavelmente, passar o resto da vida ali, com ela. Acordamos. Andar de mãos dadas, dedos entrelaçados, sorrir. Implicância. O surto ''se você tá tentando me irritar, já conseguiu, eu não aguento mais, vou acabar ficando louca!''. Um sorriso triste, mas de certa forma satisfeito. Em casa. ''Você vai sair comigo?'' queria responder que sim ''acho que não, você vai de carro?'' ''Claro né'' ''então não vou''. Eu fecho a cara, ela fecha a cara por eu ter fechado a cara. ''Você vai ficar de pirraça?'' ''vou, se você for de carro!'' ''relaxa, vou de ônibus''. Alívio, fica tudo bem. Sorrisos, brincadeiras, olhares cúmplices. Na hora de sair, ela pega a chave do carro ''mas você não ia de ônibus?'' '' eu vou voltar de ônibus'' Descobri o que é um mal pressentimento ''mãe, diz pra ela não ir de carro, vai dar merda!'' Nada. ''Então vai logo, tchau!'' ''Tchau, nenem...'' Argh, debochada. ''Vai logo pra eu fechar o portão!'' Ela me entrega o presente de aniversário da minha irmã ''deixa ai, vai que acontece alguma coisa''. Entra no carro e acena um tchau com aquele sorriso triste. Fecho a cara. "Até amanha''. Mensagens normais durante a tarde, uma ultima ligação. "Então você não vem mesmo?'' "Não!". Me arrependo no mesmo instante. Agonia e ansiedade durante toda a noite. Penso que ela vau me trair, me abandonar, me esquecer. Ultima mensagem, peço por um sinal de vida, 23:11 da noite. A resposta ''vai tomar no cu''. Vou dormir, irritada. Meu coração dispara, angustia, um medo inexplicável. De manhã, uma ligação de sua mãe. Ligo para ela, o chão sob meus pés parece inexistente. "Como assim ela morreu, Sônia?" "Ela bateu o carro, não tá sabendo?'' Desespero, dor, angustia, estado de choque. Uma ligação só pra ter certeza. ''Como assim minha namorada morreu e ninguém me avisou, André?" Dor imensurável. Nada faz sentido, um nó imenso na garganta e lágrimas todo o tempo. Instituto médico legal. Um pensamento ''nossa, se a Bianca soubesse que está aqui... morreria'' Ainda é inacreditável, sua mãe me abraça ''lembra que eu pedi pra você cuidar dela por mim?'' e eu ouço ''a culpa é sua''. Amigos, pânico, dor, família, choro, tudo é um imenso borrão. Carro fúnebre. O rostinho que eu fazia carinho todos os dias, destruído, sangrento... morto. A tarde passou como um segundo, tanto choro, tanta dor, achei que não sobreviveria. Três corações, velório. "Ei, vem aqui pra dentro, tá frio ai fora'' no meu pensamento, quem estava frio era meu coração, morto. Um caixão pequenininho, magrinho, como ela. "Não fica impressionada.'' ''Tá tão ruim assim?". Seu pai afasta-se e me dá passagem, dou um passo pra frente, um precipício. Meu neném, meu anjinho, meu amor... Ah, minha Bianca! Aquele rosto reconstituído nem parecia o que eu beijava todas as noites, os olhinhos fechados, não conseguia nem fingir que ela dormia, a boca que eu conheci tão bem, nem parecia a mesma. Mãos que eu segurava quando sentia medo, que faziam carinho pra eu dormir, mãos que eu nunca mais tocaria. Olhos que eu nunca mais veria, risada que eu nunca mais ouviria, lábios que nunca mais seriam beijados. Nunca mais nunca tinha sido tão literal. Lágrimas nunca tinham sido tão excessivas. O tempo parecia não existir. Nem sentia mais frio, só dor. Porque o meu coração ainda batia? Um pensamento tão idiota... ''Será que ela tá descalça?'' e bem, até hoje me pergunto isso. Cortejo fúnebre. Nunca vi algo tão triste, tão mórbido. Toda a cidade seguindo aquele caixãozinho pequeninho, com meu amor dentro. Missa. Só consigo lembrar de ter pensado ''mulheres podem ser padres?" e ela odiaria estar ali. Daria risada das palavras erradas e debocharia do que ela estava dizendo. Não posso deixar de sorrir um sorriso que se transformou em um turbilhão de lágrimas. ''Porque você não levanta? Anda, acorda! Para de brincar comigo, para com isso...'' Nada. Enterro. Não tem terra, é uma especie de urna, tumba ou sei lá, uma caixa de concreto que colocam o caixão. Meu amor vai passar a eternidade ali dentro? Fecharam com tijolinhos e todos foram embora. Eu fiquei ali, se pudesse ficaria pra sempre. "ah, meu anjinho, como você pode fazer isso comigo? como você me deixou aqui sozinha? eu não vou conseguir sem você...'' A dor não acabava, eu queria arrancar meu coração, parar de chorar, me atirar num precipício. Qualquer coisa que fizesse aquilo passar. ''Vai ver que eu estou tendo um pesadelo...'' Mais conversas, algumas risadas, verdades ditas tarde demais, confissões, medo e dor. Mais borrões. Viagem de volta, durmo no ônibus. Acordo, venho em piloto automático para casa, entro no meu quarto e bem, não era um pesadelo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Dá pra esquecer o inesquecível?

Tenho medo de acabar te esquecendo.Tenho medo de acabar esquecendo o melhor cheiro, aquele que um dia você me perguntou qual era, e eu levantei meu travisseiro, o que você tinha dormido. Tenho medo de esquecer a forma como você me olhava quando tava bêbada, ria da minha cara e falava que eu era chata e careta demais. Tenho medo de esquecer o sorriso tímido de quando eu dizia que era a pessoa mais linda do mundo e que eu passaria a vida inteira te olhando, e tenho medo de esquecer que isso era verdade. Morro de medo de perder dentro da memória sua voz, seu sotaque e como você gostava de gritar como uma louca quando cantava. Tenho medo de esquecer seu beijo, e tenho medo de esquecer como era gostoso dormir abraçada com você e como eu odiava quando você me acordava no meio da madrugada pedindo pra eu virar pra você me abraçar. Tenho medo de esquecer como eu ficava ansiosa pra te ver quando a gente passava mais de dois dias sem se ver, e de como meu coração disparava, minhas mãos tremiam e você ria de como eu era destrambelhada, sem saber que eu só ficava assim por sua culpa. Tenho medo do seu beijo virar só mais um beijo, e de você virar só uma lembrança, um borrão. Tenho medo de acabar esquecendo o que é amor.

Carta pra você que não vai ler

Ei, tô com saudades. Eu sei que isso não é bem forma de começar uma carta, mas é que eu gosto de dizer as coisas mais importantes primeiro, e isso tem sido, na verdade, a única coisa que passa pela minha cabeça no último mês. Nos últimos dias, então, pareceu me engolir, essa saudade.
Eu fiquei feliz hoje, e ontem também. Sabe, isso até tem sido frequente, ficar feliz. Mas não dura muito, no meio de cada risada eu penso em você, e aquela angustia que você sabia tão bem afastar de mim vai me engolindo, engolindo, engolindo, e aí quando eu vejo... puf! O sorriso já era. Não briga comigo, é que todas essas risadas eu queria compartilhar com você, toda aquela paisagem perfeita eu queria que você visse também, todas as musicas que eu adoro e você odeia, eu queria que você ouvisse eu zombasse da minha voz. Queria que você segurasse minha mão, queria que você me esquentasse no frio que fez a noite. E como eu queria ter te abraçado e ficado pertinho. Ah, e o que eu mais queria era ter ouvido aquela risada gostosa, meio pausada, que você dava quando achava muita graça de alguma coisa. Tô com saudades. Eu sei que você já entendeu, mas é que realmente tá me angustiando isso aqui dentro. Sabe quando a gente ia em uma churrascaria e pedia bilhões de quilos de carne (falando em carne tô com uma saudade imensa daquele churrasco seu, hein) , e aí comíamos muito e ficávamos mofando lá porque estávamos cheias demais pra conseguir levantar? Então, é quase isso, só que não é o estômago que tá pesado... é o coração. É como se ele tivesse comido lembranças demais, tristezas demais, amor demais, angustia demais, saudade demais. E ele não consegue levantar, fica mofando ali, esperando que tudo isso seja dissolvido, diluído. Não me aconselhe a beber pra aliviar, isso só funciona com você, todas as vezes que tentei, acabei fazendo besteira.
Conheci alguém que ouve as mesmas musicas que eu, lê os mesmos livros que eu, tem os mesmos assuntos que eu, sente da mesma forma que eu, e acabei lembrando de você, que odeia meus livros, minhas músicas, meus escritores, minhas conversas, minha voz e meu jeito intenso demais de amar. E eu lembrei que você sempre disse que eu devia largar você e arranjar alguém que fosse parecido comigo, porque que você não tinha nada a ver comigo. E eu só sabia dizer 'eu não quero ninguém além de você. Por você até aprendo a gostar de sertanejo.' Aí você ria e fazia questão de me lembrar de como eu era trouxa.
Tenho vontade de perguntar quando você volta, mas você responderia 'eu não volto' e eu não to pronta ainda pra ouvir isso. Prefiro acreditar que ainda vou te ouvir dizer que sou seu amoRzinho, nem que seja só mais uma vez.
Foi meu aniversário, será que você lembrou? Olha só, eu consegui fingir que tava feliz... Você ficaria tão orgulhosa! (Na verdade, eu nem fingi o tempo todo, vezenquando o sorriso era até bem espontâneo, mas eu já disse, no meio do sorriso eu sempre acabava lembrando de você.) Aí as vezes passava pela minha cabeça sua vozinha dizendo 'seu aniversário tá chegando, hein nenem?' e era impossível segurar as lágrimas. E aí eu via toda aquelas pessoas abraçadas, e felizes, e sorrindo, e eu só queria o meu cantinho, quietinha, pra continuar lembrando de você e enchendo meu coração já tão empanturrado de mais tristezas e saudades ainda.
Acho que eu só queria dizer que tô com saudades, mesmo, nada de mais... E que eu te amo, é claro. Mas isso não é novidade, né?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

pain

Respeite a dor do outro. E a minha dor, onde fica? Que inferno, eu não posso sofrer em paz? Não pode doer em mim? Não posso gritar a minha dor aos quatro ventos? Não posso dizer o quanto dói? Minha dor é mais errada que as outras, é injusta, é feia? Minha dor é errada porque eu amava de um jeito diferente? É errado amar outro ser humano com todas as suas entranhas, com todo o seu coração? Como alguém pode ver pecado num amor como esse? Meu amor é errado porque eu sou mulher e amava aquela pessoa com todas as minhas forças? É errado querer dar a vida a outra pessoa, se entregar de corpo e alma a quem ama? É pecado tentar ser feliz? Aparentemente a resposta pra todas essas perguntas é um grande e sonoro 'sim'. É errado amar e tentar ser feliz, não se pode fugir dos padrões. Eu respeito todas as dores, de todo mundo, eu consolo todas as dores do mundo, e a minha?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

cold as ice

Sou fria. Terrivelmente fria. Não gosto de demonstrar minhas fraquezas, não gosto de falar sobre meus medos, tenho vergonha dos seus sentimentos. Não gosto que me vejam chorar, evito isso sempre que posso. Sabe, isso não é exatamente frieza, é autoproteção. Eu tenho medo de ser atingida pelas palavras que falei, tenho medo de mostrar minhas lágrimas e minha dor e depois ter isso como ponto fraco. Não, ninguém precisa saber meu ponto fraco. Ninguém precisa saber onde dói, ninguém precisa saber das dores e dos medos. No começo, eu não demonstrava meus sentimentos, eu não chorava, e ela me dizia 'ah, você não me ama, nem chora na minha frente!' e um dia eu tive medo, e chorei na frente dela, ela sorriu, me abraçou e prometeu que ficaria tudo bem. E pela primeira vez em muito tempo eu me senti em terra firme, me senti quente e feliz. Foi inexplicável aquilo que senti, e depois daquele dia, nunca mais pude esconder dela minhas dores e meus medos, e nunca ela me proibiu de sentir, nunca julgou nada daquilo que me aterrorizava, e me ajudou a acalentar aquilo que me assustava. Nunca antes eu pude sentir com tanta liberdade, me expressar com tanta liberdade. Mas não acredito que vá acontecer novamente, não acho que eu vou poder confiar tanto assim em alguém, algum outro dia. Acho que uma confidente, uma 'metade da laranja' como ela era a minha, só se encontra uma vez, e nunca mais. E acho que quando se encontra uma pessoa dessas, deve-se dar muito valor, deve- se 'prender' essa pessoa em seu coração e em sua alma, se você conseguir se lembrar do sorriso, da risada, do calor e a sensação de terra firme que a pessoa te causava, mesmo quando ela se for, você ainda vai poder se sentir segura com ela. É só fechar seus olhos e imaginar que ela está ali, imaginar o calor da pele e o cheiro dos cabelos, e você consegue sorrir. E se sentir medo, pode chorar, tudo bem, não é errado, é a sua protetora que está ali, e ela não vai te julgar... E ai você abre os olhos e vê que está sozinha, não tem ninguém ali te segurando, e você lembra que nunca mais vai encontrar alguém pra te segurar e dizer que está tudo bem. E volta a ser fria, dura, insensível, e ninguém mais saberá aquelas dores tão profundas, a não ser quando você está sozinha e de olhos fechados.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Me desculpe, estou viva.

Você tá feliz, tá bem, tá sorrindo espontaneamente, fazendo piadas, dormindo bem, comendo normalmente, tudo lindo. E ai bate um peso na consciência: 'Como eu posso estar vivendo, quando o amor da minha vida... morreu?'. E tudo começa a ser forçado, automático, doloroso, sofrido. Depois de muito se martirizar, chega a outra conclusão: Como eu posso estar passando minha vida como se estivesse morta, enquanto ela gostaria de estar vivendo? E você se esforça pra ser feliz, se esforça de verdade, e quando vê aquela dor já é só uma lembrança remota, uma pedrinha no sapato. E você segue sua vida, conhece pessoas novas, se diverte, tenta mesmo ser feliz sabe? E não deixa ninguém ver seu esforço, ninguém precisa saber da pedrinha no sapato, ninguém precisa saber de como dói sentir frio a noite e da confusão que sente, sem ter certeza se o frio vem de dentro ou de fora, ninguém se lembra que você está sozinha agora, que não é acolhido por nenhum colo, que ninguém te lembra o quanto é importante que você fique firme, senão acaba indo pro buraco também.
E aí, de repente, todos começam a dizer 'nossa, como você superou rápido!' ou 'Poxa, se fosse eu nunca ia conseguir ficar feliz rápido assim' ou 'imaginei que você ficaria pior' e isso soa como uma crítica, já que todos esperavam que você se afogasse em lágrimas, cortasse os pulsos e passasse a andar de preto o tempo todo. Não se dão conta que no fundo você está de luto, será que não vêem que você se segura pra não chorar o tempo todo? Não vêem que seu sorriso não é tão verdadeiro? Não sabem que se fosse pela sua vontade, estaria morta e enterrada de mãos dadas com o amor da sua vida? E continuam dizendo que é surpreendente que você esteja tentando ser feliz. É claro que eu estou tentando ser feliz! Se ela estivesse aqui, faria de tudo pra eu estar feliz, seguraria minha mão e mandaria eu engolir o choro, não mandaria eu me trancar no quarto e chorar por três meses, ela me mandaria viver, como ela gostaria de estar vivendo. Acho a maior covardia do mundo passar a vida sem viver, 'em respeito' a quem se foi, enquanto quem morreu queria estar vivendo. Se quer respeitar quem você ama e já se foi, viva. É a única coisa que se pode fazer, viver por dois, por você e por quem já não pode fazer isso. Ria por dois, ame por dois, tente por dois, aproveite por dois... e chore por dois; porque com o passar dos dias a pedra no sapato vai ficando maior e mais difícil de suportar, e se você não estiver obstinado a viver, torna-se insuportável.