quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Me desculpe, estou viva.

Você tá feliz, tá bem, tá sorrindo espontaneamente, fazendo piadas, dormindo bem, comendo normalmente, tudo lindo. E ai bate um peso na consciência: 'Como eu posso estar vivendo, quando o amor da minha vida... morreu?'. E tudo começa a ser forçado, automático, doloroso, sofrido. Depois de muito se martirizar, chega a outra conclusão: Como eu posso estar passando minha vida como se estivesse morta, enquanto ela gostaria de estar vivendo? E você se esforça pra ser feliz, se esforça de verdade, e quando vê aquela dor já é só uma lembrança remota, uma pedrinha no sapato. E você segue sua vida, conhece pessoas novas, se diverte, tenta mesmo ser feliz sabe? E não deixa ninguém ver seu esforço, ninguém precisa saber da pedrinha no sapato, ninguém precisa saber de como dói sentir frio a noite e da confusão que sente, sem ter certeza se o frio vem de dentro ou de fora, ninguém se lembra que você está sozinha agora, que não é acolhido por nenhum colo, que ninguém te lembra o quanto é importante que você fique firme, senão acaba indo pro buraco também.
E aí, de repente, todos começam a dizer 'nossa, como você superou rápido!' ou 'Poxa, se fosse eu nunca ia conseguir ficar feliz rápido assim' ou 'imaginei que você ficaria pior' e isso soa como uma crítica, já que todos esperavam que você se afogasse em lágrimas, cortasse os pulsos e passasse a andar de preto o tempo todo. Não se dão conta que no fundo você está de luto, será que não vêem que você se segura pra não chorar o tempo todo? Não vêem que seu sorriso não é tão verdadeiro? Não sabem que se fosse pela sua vontade, estaria morta e enterrada de mãos dadas com o amor da sua vida? E continuam dizendo que é surpreendente que você esteja tentando ser feliz. É claro que eu estou tentando ser feliz! Se ela estivesse aqui, faria de tudo pra eu estar feliz, seguraria minha mão e mandaria eu engolir o choro, não mandaria eu me trancar no quarto e chorar por três meses, ela me mandaria viver, como ela gostaria de estar vivendo. Acho a maior covardia do mundo passar a vida sem viver, 'em respeito' a quem se foi, enquanto quem morreu queria estar vivendo. Se quer respeitar quem você ama e já se foi, viva. É a única coisa que se pode fazer, viver por dois, por você e por quem já não pode fazer isso. Ria por dois, ame por dois, tente por dois, aproveite por dois... e chore por dois; porque com o passar dos dias a pedra no sapato vai ficando maior e mais difícil de suportar, e se você não estiver obstinado a viver, torna-se insuportável.

Um comentário:

  1. Nat, que lindo isso!! Juro que penso a mesma coisa, não estou no seu lugar neh, mas tento pensao: vou viver e vou aproveitar cada segundo porque a minha amiga sempre fez isso e se estivesse aqui, estaria vivendo cada momento ao máximo!! Continue assim, Nat!!! Beijooo :)

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