quarta-feira, 7 de março de 2012

Sentimentos de menina agridoce

Perguntam-me como estou. Estou bem... Fazendo as mesmas coisas. Só está um pouco heavy metal. Mas... ainda abro os olhos todas as manhãs e os quero fechar logo em seguida. Claro que vou escrevendo dolorosamente, vou respirando mesmo que com dificuldade, ás vezes, sublimo, ás vezes, orvalho-me. Peguei umas coisas, coloquei ao sol pra secar. Deixei lá fora secando. Daqui a pouco vou lá olhar. Mas, por enquanto, enquanto o tempo, o vento e o sol não as desidrata, vou ficando aqui, encolhidinha. Ontem, tive que sair do labirinto, colei o sorriso com uma cola super adesiva, ele tinha que segurar por um tempo, peguei um monte de purpurina e coloquei nos olhos, eles andam muito enervados. Antes de sai, voltei, tinha esquecido o assobio, e todo mundo sabe que o assobio custa uma imensa coragem. Fiz esforço. Ninguém percebeu. Apesar de o sorriso sair sempre meio soluçado. Estava aparentemente bem e a noite transcorreu sem que ninguém notasse a revoada intíma das lágrimas que se acumulava e queriam romper as barragens dos esparadrapos que eu tinha firmemente envolvido meu coração destroçado. Sorri. Sorri a noite inteira. E as pessoas conversavam com uma moça tão espirituosa e divertida. Do que adiantava mostrar o desespero, a tristeza, a angústia? Não quero a pena de ninguém. E as pessoas cansam-se logo de nossas tragédias. Mas, também não quero as pessoas. Não quero ter que me maquiar toda e depois no menor dos descuidos, quando as lágrimas afloram, virar uma espécie de urso panda, não quero ter que sorrir enquanto sinto dores vindas não sei de onde que contorcem meu interior como se eu fosse uma boneca de vudu. Quero ser madura e não sofrer por certas coisas. Quero ser realmente forte. Quero não ter o coração partido em cacos tão pequenos que continuam doendo e seguem amando com a mesma intensidade. Quero que comprimidos acabem com a dor e não só a coloque numa roupagem pesada. Oh, quero tanta coisa. Não quero mais o silêncio como companhia. Estou ouvindo música. Muita música. E elas dão beleza à dor. Elas colocam um pouco de corzinha nas coisas cinza. Dor é cinza. E nesse processo se despreza todos os pequenos prazeres. Eles deixam de existir.
Se o amor é a única coisa que imprime sentido aos nossos pobres caminhos nesse mundo, a dor é o que faz deles uma estampa desbotada.

[ Lia Araújo]

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