sexta-feira, 6 de abril de 2012

Eu só queria que você tivesse voltado pra casa aquele dia. Não era pedir demais, era? Podia fazer o que fosse, beber o quanto quisesse, chavecar quantas meninas tivesse vontade. Eu não ia me importar, desde que você voltasse. Inteira, viva, respirando, sorrindo e sendo idiota. Você tinha que ter voltado pra casa.
Eu fiz isso. Encontrei seus amigos, sorri, brinquei, fingi ter esquecido quanto tempo faz, bebi tanto quanto pude, e depois voltei pra casa. Sã e salva. Não foi tão difícil assim.
Sinto sua falta. É até cansativo dizer isso mais uma vez, mas é que a cada dia a saudade aumenta. Quinta feira foi difícil, eu confesso. Foi muito difícil estar no evento que matou você, com todas aquelas pessoas que conheciam você. Foi irritante cumprimentar as pessoas e elas me olharem com aquele misto de pena e surpresa por eu estar ali. Eu tinha vontade de socar todas elas, até que parassem de ter pena. Se eles se preocupassem tanto assim não teriam deixado você nem encostar no carro aquele dia. Se eles gostassem tanto de você teriam passado comigo a dor do velório, do enterro. Teriam enfrentado os olhos tristes da sua mãe.
E ali estava eu, parada com um copo gigante de cerveja na mão, enquanto tentava imaginar você ali. Senti um vazio gigantesco no peito, e eu só conseguia pensar que não era tão difícil assim você ter voltado pra casa.

Escrito em 04/03/2012

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