segunda-feira, 13 de agosto de 2012

'Aniversário'

Dia 11 fez um ano que você se foi, e eu nem tive coragem de vir falar com você. Não tive forças, simplesmente não fui capaz de dizer nada. Nem sequer toquei no assunto, não derramei uma única lágrima.É inexplicável o que tenho sentido de uns tempos pra cá, justamente porque não tenho sentido nada. É um vazio tão grande que nem a saudade tem conseguido se manifestar dentro de mim. 
Aniversário de morte. Engraçado isso, né? Quem foi o idiota que resolveu chamar isso de 'aniversário'? Imagino alguém cantando parabéns com velinhas e tudo, em cima do seu túmulo. Bizarro. 
Tenho pensado muito em você, em nós, em mim. No que teria acontecido com a gente. Será que estaríamos juntas, ainda? Será que você usaria o mesmo perfume e o mesmo shampoo? Seu abraço continuaria sendo o melhor de todos? E todas as pessoas que eu conheci depois de você, será que eu teria conhecido? Até ontem, todos os dias eu pensava 'nossa, um ano atrás eu e a Bianca estávamos fazendo tal coisa'. Hoje eu pensei 'nossa, a essa hora eu estava dando Adeus pra ela, e o caixão estava sendo fechado com tijolinhos e cimento'. E aí acabou. De hoje em diante, não tem mais como pensar em você e lembrar do que acontecia um ano atrás. Agora é só saudade, nostalgia. Nem as lembranças me alimentam mais, e eu não sei onde pisar, o que fazer, não sei como lidar com esse nada que tenho sentido. 
Quinta feira fui naquela maldita cervejada, encontrei todos os seus amigos, que, como sempre, me olhavam com cara de pena e sem saber o que dizer. Eu não queria que eles dissessem nada, só que parassem de me olhar assim. Briguei com quem não devia e descontei toda minha dor em alguém que só queria o meu bem. Chorei um rio, gritei e fiz drama. Na verdade só você passava pela minha mente. Eu tentava imaginar você ali, o que passava pela sua cabeça. Via direitinho você conversando com aquela vadia, dizendo onde estava seu carro e usando xavecos horrorosos que sempre funcionaram comigo. E com ela também, aparentemente. Receber minha mensagem deve ter te deixado ainda mais irritada né? Só te motivou mais ainda a me machucar. Ainda não sei o que você planejava, me tratando mal daquela forma. Mas aí você partiu, a vagabunda matou você, matou a gente, matou a mim também. Será que no dia da cervejada ela pensou em como te vez mal? Será que dia 11 ela se lembrou de você, sentiu o gosto de cerveja, de maconha, de qualquer coisa na boca, e se arrependeu? Pensou na sua mãe, em mim, em nossa dor? Ela nem te conhecia, não sabia o quanto ia doer. Será que doeu nela, assim como dói em mim? 
Depois de quinta feira, algo parecido com uma anestesia passou a tomar conta de mim. Eu tento de todas as formas explicar o que sinto, mas não dá. Acho que até a saudade deixou de descrever isso aqui. É como se fosse uma apatia, sabe? Um 'tanto faz' que se espalha por todos os cantos de mim. Tanto faz pro colégio, pras minhas notas, pras minhas amizades, pra minha vida amorosa fracassada, pra minha família destruída. Tanto faz pro mundo ao meu redor. Tanto faz você, também, que já há um ano não está aqui. 

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