domingo, 18 de setembro de 2011

Carta pra você que não vai ler

Ei, tô com saudades. Eu sei que isso não é bem forma de começar uma carta, mas é que eu gosto de dizer as coisas mais importantes primeiro, e isso tem sido, na verdade, a única coisa que passa pela minha cabeça no último mês. Nos últimos dias, então, pareceu me engolir, essa saudade.
Eu fiquei feliz hoje, e ontem também. Sabe, isso até tem sido frequente, ficar feliz. Mas não dura muito, no meio de cada risada eu penso em você, e aquela angustia que você sabia tão bem afastar de mim vai me engolindo, engolindo, engolindo, e aí quando eu vejo... puf! O sorriso já era. Não briga comigo, é que todas essas risadas eu queria compartilhar com você, toda aquela paisagem perfeita eu queria que você visse também, todas as musicas que eu adoro e você odeia, eu queria que você ouvisse eu zombasse da minha voz. Queria que você segurasse minha mão, queria que você me esquentasse no frio que fez a noite. E como eu queria ter te abraçado e ficado pertinho. Ah, e o que eu mais queria era ter ouvido aquela risada gostosa, meio pausada, que você dava quando achava muita graça de alguma coisa. Tô com saudades. Eu sei que você já entendeu, mas é que realmente tá me angustiando isso aqui dentro. Sabe quando a gente ia em uma churrascaria e pedia bilhões de quilos de carne (falando em carne tô com uma saudade imensa daquele churrasco seu, hein) , e aí comíamos muito e ficávamos mofando lá porque estávamos cheias demais pra conseguir levantar? Então, é quase isso, só que não é o estômago que tá pesado... é o coração. É como se ele tivesse comido lembranças demais, tristezas demais, amor demais, angustia demais, saudade demais. E ele não consegue levantar, fica mofando ali, esperando que tudo isso seja dissolvido, diluído. Não me aconselhe a beber pra aliviar, isso só funciona com você, todas as vezes que tentei, acabei fazendo besteira.
Conheci alguém que ouve as mesmas musicas que eu, lê os mesmos livros que eu, tem os mesmos assuntos que eu, sente da mesma forma que eu, e acabei lembrando de você, que odeia meus livros, minhas músicas, meus escritores, minhas conversas, minha voz e meu jeito intenso demais de amar. E eu lembrei que você sempre disse que eu devia largar você e arranjar alguém que fosse parecido comigo, porque que você não tinha nada a ver comigo. E eu só sabia dizer 'eu não quero ninguém além de você. Por você até aprendo a gostar de sertanejo.' Aí você ria e fazia questão de me lembrar de como eu era trouxa.
Tenho vontade de perguntar quando você volta, mas você responderia 'eu não volto' e eu não to pronta ainda pra ouvir isso. Prefiro acreditar que ainda vou te ouvir dizer que sou seu amoRzinho, nem que seja só mais uma vez.
Foi meu aniversário, será que você lembrou? Olha só, eu consegui fingir que tava feliz... Você ficaria tão orgulhosa! (Na verdade, eu nem fingi o tempo todo, vezenquando o sorriso era até bem espontâneo, mas eu já disse, no meio do sorriso eu sempre acabava lembrando de você.) Aí as vezes passava pela minha cabeça sua vozinha dizendo 'seu aniversário tá chegando, hein nenem?' e era impossível segurar as lágrimas. E aí eu via toda aquelas pessoas abraçadas, e felizes, e sorrindo, e eu só queria o meu cantinho, quietinha, pra continuar lembrando de você e enchendo meu coração já tão empanturrado de mais tristezas e saudades ainda.
Acho que eu só queria dizer que tô com saudades, mesmo, nada de mais... E que eu te amo, é claro. Mas isso não é novidade, né?

2 comentários:

  1. Chorei, praga. ):
    Realmente ficou bonitinha sua carta.
    E pela minha crença, ela já leu, só tá sem créditos para responder. haha

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